Na propaganda PMDB se autoelogia por escolhas, na vida real é todo dúvidas
O PMDB leva ao ar na noite desta quinta-feira mais uma de suas propagandas institucionais. Com dez minutos de duração, a peça é assinada pelo publicitário Elsinho Mouco. Na forma, é bonita. No conteúdo, intrigante. É monotemática. Gira ao redor de um só vocábulo: "escolha". Na abertura, uma atriz resume a coisa:
"Escolhas, escolhas, escolhas. Mal a gente nasce, se descobre para a vida, e já começa a conviver com elas. Já nos vemos diante de uma realidade que vai nos acompanhar para sempre. Todos os dias, todos nós, aqui e em qualquer lugar do mundo, temos que fazer escolhas. Escolhas das mais simples, das mais corriqueiras, como escolher a cor da roupa, o tipo de sapato, o corte de cabelo, até as mais difíceis e complexas, como aquilo que queremos viver ou com o que, e com quem, vamos conviver. A vida pergunta. As escolhas dão as respostas."
A certa altura, Renan Calheiros brinda a audiência com uma pérola: "Já fiz escolhas equivocadas…". Uau! Exceto por esse lampejo de autocrítica, caciques do PMDB se vangloriam ao longo do vídeo do "acerto" das escolhas —as pessoais e as do partido. O grand finale pinga dos lábios do vice-presidente Michel Temer:
"…2014 é um ano de escolhas especialmente importantes, porque não dizem respeito unicamente à vida de cada um, mas à vida de todos os brasileiros… E lá no fundo, os brasileiros sabem o quanto o Brasil ganhou nos últimos anos. Sabem que isso não pode parar. Sabem qual é a escolha a ser feita."
Contido pela legislação, que proíbe a propaganda eleitoral fora de hora, Temer se vale das entrelinhas para insinuar que "a escolha a ser feita" é Dilma Rousseff. Na vida real, porém, o PMDB é um partido 100% feito de dúvidas. Há dois dias, reunido com correligionários que lideram na Câmara o blocão pseudogovernista que se insurge contra o Planalto, Temer desabafou. Disse que o partido precisa decidir se quer ou não renovar a alicança com o PT.
Quer dizer: na propaganda, o PMDB indica a escolha a ser feita pelo eleitor. Na vida real, a legenda vive um drama hamletiano: Dilma or not Dilma?, eis a questão que embatuca o PMDB. O partido paga o preço por ter feito a escolha de não disputar a Presidência, condenando-se ao papel de força auxiliar.
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