Cristina Kirchner vê ‘golpe suave’ na Venezuela
Cristina Kirchner tem um quê de personagem de ópera-bufa. No seu caso, um pouco de ridículo, bem dosado, ajuda a capturar a atenção da plateia. Neste sábado (1), a presidente da Argentina exercitou seu humor de opereta ao enfiar a Venezuela dentro de um discurso entoado na ária de abertura do ano legislativo. O repórter Francisco Peregil, do El País, ouviu:
"Não posso deixar de me referir a um tema vital para a região: a tentativa inesperadamente suave contra a República Bolivariana da Venezuela. Não venho aqui defender o presidente Nicolás Maduro, venho defender ao sistema democrático de um país, como fizemos na Bolívia, no Equador e o faremos em qualquer país da região, sejam eles de esquerda, de direita, do meio ou do fundo."
Cristina não fez referência a Leopoldo López, o líder oposicionista venezuelano, preso desde 18 de fevereiro por ter cometido o crime de se opor. Ela também não citou os 16 cadáveres que saíram dos protestos de rua na Venezuela para a sepultura. Absteve-se de mencionar, de resto, o descontrole inflacionário e o vazio das gôndolas, fenômenos que dão à gestão de Maduro uma aparência apodrecida.
Quer dizer: para madame Kirchner, ela própria uma gestora precária, democracia é um regime que não nega a ninguém o direito de concordar inteiramente com o incompetente de plantão. Ou, por outra, democracia é um sistema político completamente isento de democratas.
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