Vírus da mudança contagia 64% do eleitorado
Saiu mais uma pesquisa do Ibope. Quando um assessor de Dilma Rousseff for analisar os dados com ela, convém suavizar a abordagem. Se não souber como começar, pode indicar com o queixo o percentual de eleitores que desejam mudança (64%) e perguntar: Fora isso, senhora presidenta, o que a senhora achou?
Sobrevivendo à explosão, o assessor pode argumentar que, se fosse possível suprimir os detalhes, a nova pesquisa seria extraordinária para a chefe. Apesar de tudo —os juros em alta, a inflação no teto, o mau humor de São Pedro e a derrota do Flamengo para o Bolívar…—, Dilma (43%) ainda está bem à frente de Aécio Neves (15%) e Eduardo Campos (7%). Hoje, ela prevaleceria no primeiro turno.
Mas o diabo, como se diz, está nos detalhes. Apenas 32% dos pesquisados desejam a continuidade "total" ou "de muita coisa" no próximo governo. A grossa maioria, 64%, torce para que o inquilino do Planalto mude "totalmente" ou "muita coisa" na gestão a ser inaugurada em 2015.
Os pesquisadores perguntaram: "quem tem mais condições de promover as mudanças de que o país ainda necessita?" No pedaço do eleitorado que expressa abertamente o desejo de mudar, a maioria (63%) quer outra pessoa no Planalto. Apenas 27% querem Dilma.
Numa amostragem que inclui a totalidade dos eleitores, 41% acham que a própria Dilma deve operar as mudanças. Preferem Aécio 14%. E Campos, 6%. É preciso levar em conta, porém, que apenas Dilma é 100% conhecida dos brasileiros. Seus antagonistas, ainda relativamente desconhecidos fora de suas províncias, terão sete meses para fazer pose de bons moços.
Quer dizer: a pesquisa mostra um cenário de estabilidade instável. O brasileiro está, por assim dizer, meio de saco cheio. Mas fora isso… O ministério já foi reformado, o aumento da conta de luz ficou para 2015 e os banqueiros estão felizes com a política monetária. Se o deputado Eduardo Cunha e o PMDB ficarem mais calmos, talvez seja possível tentar de novo.
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