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Josias de Souza

CNJ inclui estrangeiros no cadastro de adoção

Josias de Souza

24/03/2014 16h28

Reunido nesta segunda-feira (24), o Conselho Nacional de Justiça aprovou a inclusão de casais residentes no exterior —brasileiros ou estrangeiros— no Cadastro Nacional de Adoção. O objetivo da providência é aumentar a chance de adoção de crianças rejeitadas por casais brasileiros.

Hoje, há no Brasil 5,4 mil crianças ou adolescentes à espera de uma família que os adote. Na outra ponta, há 30 mil pretendentes à adoção. Deve-se o paradoxo ao fato de que casais brasileiros são seletivos. Afora os filtros raciais, preferem crianças mais novas, sem irmãos e saudáveis.

As estatísticas mostram que os pretendentes estangeiros fogem desse perfil. Não são refratários à adoção conjunta de irmãos, de crianças com problemas de saúde e com idade mais avançada. Hoje, esses casais se registram em tribunais estaduais de Justiças, mas não são incluídos no cadastro nacional, como ocorre com os brasileiros.

Com a decisão do CNJ, juízes da infância e juventude de todos os municípios brasileiros terão acesso aos dados dos estrangeiros habilitados para a adoção, exatamente como ocorre com os pretendentes que moram no Brasil. "A adoção internacional é uma opção valiosa de recolocação familiar", disse o conselheiro Guilherme Calmon.

Calmon acrescentou: "Abre-se uma possibilidade interessante, segura e dentro da lei para evitar que as crianças se perpetuem nos abrigos. A verdade é que, hoje, boa parte desses jovens completa 18 anos sem ter vivido essa experiência" do convívio familiar.

O interesse dos casais brasileiros pelas crianças diminui na propoção direta da elevação da idade das crianças incluídas no cadastro de adoção. No universe de 5,4 mil crianças, 615 têm 7 anos. E apenas 2% dos 30 mil pretendentes à adoção se dispõem a acolher crianças com essa idade. As crianças com 8 anos somam 305. A disposição de adotá-las é ainda menor: 1%. O interesse por crianças com mais de 9 anos é de 0%, informa o CNJ. Daí a decisão de incluir os estrangeiros no cadastro nacional.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.