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Josias de Souza

Para Aécio, Dilma deve dar explicações à CPI

Josias de Souza

02/04/2014 19h46

O presidenciável tucano Aécio Neves disse que Dilma Rousseff deve apresentar na CPI da Petrobras sua defesa no caso da compra da refinaria americana de Pasadena. Ela presidia o Conselho de Administração da Petrobras quando o negócio foi fechado, em 2006. Avalizou a transação. "Ninguém está acima do bem o do mal", disse o senador, ao sustentar a tese de que Dilma precisa se explicar na CPI.

Na opinião de Aécio, Dilma não terá de comparecer fisicamente à CPI. Em entrevista ao blog, ele declarou: "Com a Presidência, nós temos que ter algum cuidado com aquilo que nós chamamos de liturgia do cargo", afirmou. "Mas eu acho que ela tem formas de apresentar sua defesa. Pode mandar por escrito. A CPI pode, eventualmente, ouvi-la, se achar necessário".

Nos vídeos acima, você assiste a trechos da entrevista de Aécio. A íntegra estará disponível no blog, na manhã desta quinta-feira (3), às 6h. O senador conversou com o repórter no início da tarde desta quarta. Para ele, "apenas uma investigação profunda vai mostrar" a responsabilidade de Dilma em eventual dano causado à Petrobras com a compra da refinaria, ao custo de mais de US$ 1,2 bilhão.

Aécio realça: "A Lei das S.A. responsabiliza civil e, no caso de dolo, penalmente, os membros do conselho e diretoria. Isso não foi criado para a Petrobras, está na Lei das S.A.". O senador insistiu: "Acho que seria a oportunidade de a presidente se explicar."

Afirmou que "Dilma é uma mulher de bem." Acha, porém, "que o tamanho do problema que deram pra ela era maior do que a experiência que ela havia acumulado ao longo da sua vida, sobretudo em gestão pública." Acha que, uma vez instalada, a CPI deve ouvir outras pessoas antes de Dilma. Entre elas, o ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, cujo advogado declarou, nesta quarta-feira, que Dilma recebeu o contrato de aquisição da refinaria de Pasadena com 15 dias de antecedência.

Sobre o desejo do governo de incluir na CPI a investigação do caso do cartel de trens e metrô nos governos tucanos de São Paulo, Aécio declarou: "Tenho dito, desde o início, como presidente nacional do PSDB: que se façam as investigações."

Sou contra o pré-julgamento. Não prejulguei os indiciados do processo do mensalão. Alguns foram condenados, outros foram absolvidos. Eu dizia que era preciso que houvesse investigação. Que se investigue."

"Se dentro do PSDB alguém cometeu alguma irregularidade, alguma ilicitude, deve responder por elas. Isso serve pra todos. O que eu não vou é prejulgar. Que criem a CPI dos carteis, que criem a CPI do setor elétrico, que criem a CPI dos portos, vamos discutir os portos brasileiros, os portos cubanos, vamos discutir os financiamentos secretos do BNDES…"

No dizer de Aécio, qualquer investigação "é do jogo." "O que não é correto para com os brasileiros", diz ele, é "inviabilizar a CPI da Petrobras." Na opinião de Aécio, o governo "não quer investigar nada".

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.