Quem o apadrinhou? E Cerveró: ‘a competência’
Indicado para a diretoria Internacional da Petrobras pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) e avalizado por Renan Calheiros (PMDB-AL), Nestor Cerveró foi renegado pelos padrinhos (repare no vídeo acima). Depois que Dilma Rousseff o culpou pelos prejuízos da refinaria de Pasadena, Cerveró tornou-se um afilhado tóxico.
Ao inquiri-lo nesta quarta-feira, o deputado baiano Lúcio Vieria Lima, vice-líder do PMDB, deu a Cerveró a oportunidade de clarear as coisas: "Na reforma ministerial, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o PMDB não teria um sexto ministério mas poderia ter 'espaço nas estatais.'. Ficou claro que as posições nas estatais são fruto de composições política. Não fique como batata quente, jogado de um lado para outro. Quem foi que indicou Vossa Senhoria?"
Cerveró enxergou "desconsideração" na pergunta do deputado. "Tenho 39 anos de Petrobras, sou técnico com formação nessa área", disse, abespinhado. "Vou me recusar a responder", emendou, antes de arrematar: "Fui indicado pela minha competência. Se o senhor prefere reduzir isso a mera indicação política, não posso fazer nada."
Pouca antes, em resposta a Vanderlei Macris (SP), vice-líder do PSDB, Cerveró havia contemporizado declarações feitas na véspera pela presidente da Petrobras, Graça Foster, no Senado (assista abaixo). Ela dissera que a transferência de Cerveró da diretoria Internacional da estatal para a diretoria Financeira da subsudiária BR Distribuidora fora uma punição pelos erros na condução da compra da refinaria texana.
"Não me senti rebaixado", refutou Cerveró. À sua maneira, o deputado Lúcio Vieira Lima concordou: "Sem apadrinhamento, ninguém teria um tratamento desses. Se não tivesse padrinho político, seria demitido sumariamente."
É, faz sentido. Como dissera o senador Pedro Simon (PMDB) para Graça Foster, é a politicagem que "está atrapalhando a Petrobras." Contra esse pano de fundo, "competência" é o outro nome para patrimonialismo. Estatização já!
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