Geraldo Alckmin e Paulo Skaf fogem de sabatina
— Governador Geraldo Alckmin, no cartel do metrô e dos trens, apuram-se indícios de fraudes que vêm de 1998. Atravessaram as gestões Covas, Alckmin e Serra. O senhor e seu partido, no poder há duas décadas, alegam que não sabiam. Supondo-se que a alegação seja verdadeira, não acha que o cidadão de São Paulo merece, no mínimo, administradores públicos menos desatentos, capazes de enxergar o que se passa defronte do nariz?
— Candidato Paulo Skaf, permita-me recuar a 2004. Nesse ano, o senhor assumiu a presidência da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, numa situação inusitada: era um 'sem-indústria'. Sua empresa, a Skaf Indústria Têxtil Ltda., fora à breca. Se o senhor não teve capacidade para gerir o próprio negócio, que segurança oferece ao eleitor de que possui credenciais para administrar os negócios do Estado?
O signatário do blog planejava oferecer a Geraldo Alckmin (PSDB) e Paulo Skaf (PMDB), candidatos ao governo de São Paulo, a oportunidade de responder a indagações como as que foram expostas acima. Porém, os dois políticos acharam melhor recusar o convite para participar do ciclo de sabatinas promovido por UOL, Folha, SBT e Jovem Pan. Lastimável.
Embora seus assessores tivessem comparecido a reuniões com os promotores das sabatinas, Alckmin e Skaf preferiram a fuga. Diferentemente dos candidatos Alexandre Padilha (PT) e Gilberto Kassab (PSD), que se submeteram a uma hora de perguntas cada um, o tucano e o peemedebista sonegaram aos eleitores um lote de informações que talvez os ajudasse a fazer escolhas mais claras e conscientes.
Decerto preferem os debates entre candidatos. Eventos que, submetidos a condicionantes impostas pelos marqueteiros, tornam-se mais pasteurizados e opacos a cada eleição. Melhor: devem gostar mesmo é do horário político no rádio e, sobretudo, na televisão. Um ambiente propício à mistificação. Que cresce conforme o tamanho das arcas da campanha e da quantidade de minutos de propaganda, amealhados em tenebrosas transações partidárias.
Logo, logo o eleitor será submetido aos videoclipes de Alckmin e Skaf. Considerando-se o potencial de arrecadação da dupla, a produção há de ser hollywoodiana —músicas apoteóticas, obras e realizações, depoimentos de homens e mulheres do povo. A maioria pobres. Todos rendidos às fabulosas qualidades pessoais dos candidatos. Temperadas à base de pesquisas qualitativas, as peças exibirão quase tudo, menos informação confiável. Nelas, qualquer risco iminente de racionamento de água pode ser atribuído a São Pedro, não à falta de planejamento.
Há muito se discute a necessidade de alterar o atual modelo de propaganda eleitoral, afastando-o do marketing e, por consequência, tornando-o mais barato e menos artificial. No gogó, muitos políticos concordam. Na prática, os vícios se eternizam. Contra esse pano de fundo, as sabatinas, que incluem perguntas enviadas pela plateia, funcionam como lenitivo. Mas, infelizmente, há candidatos que ainda acham que podem fazer história produzindo mais retórica do que reflexão. Pena.
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