Petrobras desdiz Gabrielli sobre refinaria de PE
Em nota divulgada nesta quatra-feira, a Petrobras desmentiu informações repassadas por seu ex-presidente, José Sérgio Gabrielli, à CPI do Senado. De acordo com o texto, está "equivocada" a declaração segundo a qual a estatal não analisou contratos e aditivos referentes à construção da refirnaria Abreu e Lima, também chamada de 'Rnest'.
Na véspera, Gabrielli dissera à CPI que a refinaria dispunha de um conselho de administração próprio. Nessa versão, era o conselho da Abreu e Lima, não a Petrobras, que aprovava os novos contratos e aditivos da obra. Presidia o conselho da refinaria Paulo Roberto Costa, o ex-diretor investigado na Operação Lava Jato.
"Esclarecemos que todos os contratos e aditivos da Rnest", anota o desmentido. "[…] Foram submetidos previamente aos nossos órgãos competentes para autorização interna e recomendação para aprovação da Rnest, observadas as análises técnicas, comerciais, tributárias e jurídicas pertinentes, conforme modelo de governança do Sistema Petrobras. Sendo assim, está equivocada a informação de que não analisamos os contratos e aditivos da Rnest."
Assentada em Pernambuco, a refinaria Abreu e Lima teve o projeto orçado em US$ 2,5 bilhões. Nas penúltimas estimativas, o custo final obra, ainda inconclusa, já passa dos US$ 18 bilhões. O TCU aponta fraudes e superfaturamentos. Os aditivos contratuais são janelas por onde passam os malfeitos.
Sob a presidência de Gabrielli, o agora enrolado Paulo Roberto Costa comandava a diretoria de Abastecimento da Petrobras. Foi guindado ao posto em 2003, primeiro ano da gestão Lula. Indicou-o o PP, Partido Progressista. Depois, apadriharam-no também o PMDB e o PT. Permaneceu no posto até 2012, segundo ano de Dilma Rousseff.
Abreu e Lima estava na órbita da diretoria chefiada por Paulo Roberto. Em 2008, a refinaria ganhou um conselho de administração próprio, presidido pelo mesmo Paulo Roberto. Ele foi mantido no comando do conselho mesmo depois de seu afastamento da diretoria de Abastecimento da Petrobras. Só deixou Abreu e Lima em dezembro de 2013.
Ao jogar para o conselho da refinaria a responsabilidade pelos novos contratos e aditivos, Gabrielli como que se eximiu de eventuais problemas, concentrando todas as culpas eventuais sobre os ombros do já encrencado Paulo Roberto Costa. Ao desdizê-lo, a Petrobras, agora sob Graça Foster, recoloca Gabrielli no caldeirão.
Suprema ironia: constituída para não apurar a verdade, a CPI do Senado engoliu, sem questionamentos, inverdades que a própria Petrobras considerou duras de roer.
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