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Josias de Souza

Ricardo Teixeira tem R$100 milhões em Mônaco

Josias de Souza

08/06/2014 06h37

Ricardo Teixeira, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, tem mais de € 30 milhões depositados numa conta secreta aberta em casa bancaria de Mônaco. Em moeda brasileira, a cifra corresponde a cerca de R$ 100 milhões. Sua existência foi noticiada pelo jornal eletrônico francês Mediapart e ecoada pelo repórter Jamil Chade, do Estadão.

De acordo com a publicação francesa, Ricardo Teixeira é personagem de investigação sobre lavagem de dinheiro aberta por autoridades de Mônaco contra um banco chamado Pache. Trata-se de uma filial do grupo Credit Mutuel. O juiz que cuida do caso chama-se Pierre Kuentz.

O Mediapart reproduz trechos de grampos que constam do inquérito. O nome de Teixeira soa na voz de um dos grampeados, Jürg Schmid, diretor do banco Pache. "Eu não quero ter de ficar explicando a situação a todos", diz ele num trecho. "Quando se faz barulho interno e externo, nós estaremos na rua."

Schmid prossegue: "Nós, do banco Pasche, temos uma situaçãoo em que devemos provavelmente aceitar clientes que outros bancos certamente não aceitam", disse, antes de reconhecer: "Eu tenho um, o grande brasileiro."

Vale a pena ouvir mais um pouco de Schmid: "Eu sei muito bem que nenhum outro banco de Mônaco queria abrir uma conta dele. Agora, ninguém o quer porque se trata verdadeiramente de uma fria. Mas nós fizemos tudo, já que temos a declaraçãoo de impostos e a declaração dos tribunais, que dizem que ele não foi condenado. Portanto, existe um risco de reputação"

Numa referência à suposta origem do dinheiro atribuído a Ricardo Teixeira, o diretor do banco afirma: "Sabemos que ele recebeu dinheiro em troca de favores, mas não são políticos. Decidimos juntos que nós o receberíamos, porque ele nos traz € 30 milhões. E isso não é pouco."

O jornal eletrônico francês anota que Texeira tem viajado amiúde para Mônaco. Apenas neste ano de 2014, ele esteve no principado em janeiro, fevereiro, abril e maio. Em cada viagem, permaneceu entre doi e três dias. Hospedou-se num hotel requintado: o Metropole. A conta é paga pelo banco Pasche, que fica a poucos metros do hotel.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.