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Josias de Souza

Silêncio de Dilma e Blatter vale por muitas vaias

Josias de Souza

12/06/2014 17h02

Dilma Rousseff e Joseph Blatter decidiram abrilhantar o jogo inaugural da Copa com o seu silêncio. Que rufem os tambores! Certos silêncios merecem estrondosa celebração.

O mutismo de Dilma e Blatter é a redenção das arquibancadas. Em meio aos grandes barulhos do estádio, o silêncio da dupla é extremamente útil para ouvir todos os ruídos da fase de preparação.

Abençoado o país que consegue colocar autoridades e cartolas nos seus devidos lugares. O bode que ocupou a alma nacional informou a Dilma e Blatter: vocês não têm nada a dizer. E os dois se abstiveram de traduzir o vazio em palavras. Mesmo calada, Dilma ouviu xingamentos.

Ficou entendido que, apesar das intromissões da Fifa, apesar dos desvio$, apesar das obras não entregues, apesar do lero-lero, apesar de tudo… Temos Copa. O silêncio de Dilma e Blatter valeu por uma vaia de infinitos compassos, eis a lição escondida sob a eloquência do não dito.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.