FHC para Lula: ‘Não precisava vestir a carapuça’

Fernando Henrique Cardoso pendurou na internet uma resposta a Lula, que o atacara no domingo, num ato partidário. "Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos. Na convenção do PSDB não acusei ninguém; disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça."

Outrora, Lula foi cabo eleitoral de FHC. Hoje…

Aqui, você lê notícia sobre a convenção do PSDB, que deixou Lula tiririca. Aqui, informações sobre a reação de Lula. Ele acusou FHC de comprar os votos que aprovaram a reeleição no Congresso e disse que o tucanato tramou derrubá-lo, em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão.

"A acusação de compra de votos na emenda da reeleição não se sustenta: ninguém teve a coragem de levar essa falsidade à Justiça", escreveu FHC em sua nota.

Acrescentou: "Não é verdade que a oposição pretendesse derrubar o presidente Lula em 2005. Na ocasião, pedimos justiça para quem havia usado recursos públicos e privados na compra de apoios no Congresso, o que foi feito pelo Supremo Tribunal Federal."

Presidente de honra do PSDB, FHC arrematou sua nota assim: "Apelo às lideranças responsáveis, do governo e da oposição, para que a campanha eleitoral se concentre na discussão dos problemas do povo e nos rumos do Brasil."

Há sete meses, em dezembro de 2013, FHC havia se encontrado com Lula numa viagem à África do Sul. Ambos integraram a comitiva de ex-presidentes que foram ao funeral de Nelson Mandela a convite de Dilma. Numa entrevista ao blog, em janeiro passado, FHC contou detalhes da conversa.

"Com a presidente Dilma, dá para conversar, ela é uma pessoa que lê", disse, antes de admitir: "Eu tenho mais intimidade com o Lula, que conheço de quando era operário. Recordei isso a ele: eu ia à casa dele de operário…"

A certa altura, FHC definiu Lula como "uma pessoa muito cordial. É muito difícil brigar com o Lula, a não ser na política. Pessoalmente, ele é uma pessoa atraente. Rápido, inteligente…" São mesmo implacáveis os desígnios da política.

FHC e Lula tinham tudo para percorrer a vida pública juntos. Em tempos remotos, o operário pediu votos para o sociólogo nas portas das fábricas do ABC. Distanciados, governaram de costas um para o outro, de mãos dadas com o arcaico. Hoje, acusam-se mutuamente de ter conduzido presidências aéticas. Ah, a política!

Vai abaixo o trecho da entrevista de janeiro em que FHC falara sobre seu encontro com Lula no avião presidencial.