Sucessão virou rixa do mesmo contra a dúvida
Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos falaram à elite empresarial do país num evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria. Em horários diferentes, discursaram, submeteram-se a uma sabatina e deram entrevistas. Nada de novo sob o sol. Apenas reiteraram posições conhecidas. Espremendo-se todo o dito, verifica-se que a sucessão virou uma disputa do mesmo contra um par de dúvidas.
Dilma, o mesmo, é movida por forças inconscientes e antagônicas. Ela é movida por um desejo de eficiência gerencial com os pés imersos num governo que gira ao redor da crise como parafuso espanado. Todos são culpados pela crise —dos países desenvolvidos à oposição derrotista…— todos têm culpa, menos a oradora.
Enquanto Dilma discursava, a plateia de empresários digeria a penúltima má notícia divulgada pela Fazenda: no primeiro semestre, o governo produziu um superávit de R$ 17,2 bilhões. É o pior resultado em 14 anos. O governo prometera poupar R$ 80,8 bilhões em 2014. Decorridos seis meses, só entregou 21% da meta.
A crise dá a Aécio e Campos, esse par de dúvidas, a oportunidade de exibir rostos graves, frontes crispadas —semblantes que sempre impressionam a audiência. A inflação no topo da meta e o PIB ao rés do chão dão novo alento aos antagonistas de Dilma. Sem a crise, Campos ainda seria um aliado do PT. E Aécio seria mais uma derrota do tucanato esperando para acontecer.
Na lanterna, Campos se esforça para tomar distância do PT e também do PSDB. Insinua que Aécio é o igual disfarçado de novo. Aécio cuida de puxá-lo para perto, afirmando que não o vê como adversário.
Dilma precisa justificar o governo mal avaliado. Seus rivais cavalgam a conjuntura prometendo o futuro. Algo que não pode ser apalpado nem conferido: reforma tributária nas pegadas da posse, rigor fiscal, câmbio realista e inflação na coleira. Tudo isso com regras estáveis e sem torcer o nariz dos investidores.
O discurso eleitoral de Dilma é atravessado pelo 'não'. A economia não está desaranjada, as tarifas não estão represadas, não haverá tarifaço, não há razão para o pessimismo… O que seria da indústria se o governo não tivesse adotado medidas anticíclicas, com desonerações tributárias e empréstimos subsidiados?
De negativa em negativa, a candidata favorita vai se tornando uma oportunidade que seus rivais tentam aproveitar. Com sorte, levam a disputa para o segundo turno. Com muita sorte, interrompem o ciclo de governos do PT.
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