Fragilidade partidária fortalece projeto de Marina
Devolvida ao primeiro plano da sucessão por uma tragédia, Marina Silva tornou-se uma candidata paradoxal. Comparada com seus principais antagonistas, sua estrutura partidária é mais precária, sua caixa de donativos é menor e seu tempo de propaganda é diminuto. A despeito disso, Marina entrou na corrida já na segunda colocação, exibe musculatura para tirar Aécio Neves do segundo turno e rouba o sono da favorita Dilma Rousseff.
Por quê? O que fortalece o projeto de Marina é a fragilidade do arranjo partidário que ela cavalga, eis a resposta. Segundo o Datafolha, o desempenho de Marina é mais pujante junto ao eleitorado com ensino superior (30%), com renda de 5 a 10 salários mínimos (20%) e jovens de até 24 anos que moram em grandes cidades (28%). Foi desse mundo que saiu a rapaziada que foi às ruas em junho de 2013 para informar que está de saco cheio dos partidos, dos políticos e de 'tudo isso que está aí'.
Nos lábios de Eduardo Campos, a discurso da "nova política" soava falso. Na boca de Marina Silva, ganha densidade. Pelo manual da política tradicional, a aversão de Marina aos acertos estaduais do PSB com os tucanos Geraldo Alckmin e Beto Richa é intransigência. Aos olhos do eleitor típico de Marina é coerência. A exemplo do que ocorrera em 2010, Marina estabeleceu ligação direta com um pedaço do eleitorado que é avesso à intermediação partidária. Isso é suficiente para embaralhar a sucessão. Mas não basta para vencer a disputa.
Para prevalecer, Marina terá de ajustar o seu perfil, sem deformá-lo. A versão 2014 da candidata precisa ser mais ampla do que a de 2010. Mantido o veto aos palanques tucanos, Marina faria um bem a si mesma se revogasse a proibição do uso de sua imagem nos santinhos de candidatos a deputado e a senador. Numa eleição apertada, pode fazer a diferença.
Sem prejuízo dos seus vínculos com o asfalto, Marina não perderia nada se contasse à clientela do Bolsa Família de onde veio e como ascendeu na vida. Sem ferir seus alegados rigores programáticos, a candidata evitaria o desperdício de tempo se convencesse o agrobaronato de que é falsa a ideia de que não tolera o agronegócio.
De resto, Marina tem menos de dois meses para informar à plateia como fará para governar o país se for eleita numa campanha em que jogou todas as legendas no caldeirão da velha política –do PMDB ao PSDB.
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