Dilma baniu a macroeconomia do seu discurso
Dilma Rousseff baniu da sua retórica eleitoral temas como crescimento econômico, taxa de câmbio e superávit fiscal. Fez isso por precisão, não por opção. Em matéria de macroeconomia, a candidata smplesmente não tem do que se vangloriar. Daí o esconde-esconde.
Nesta sexta-feira (29), como já esperavam os observadores mais atilados, o IBGE informou que o PIB brasileiro encolheu por dois trimestres seguidos. O que configura, no jargão econômico, uma recessão técnica. Tomada isoladamente, a indústria caiu pelo quarto trimestre subsequente. Um desastre. Que Dilma classifica de momentâneo.
Na propaganda eleitoral, Dilma refere-se a Marina Silva como a "incerteza da aventura." E qualifica Aécio Neves de "volta ao passado". Mas é ela que mete mais medo no mercado. A economia compreende todas as atividades do país. Mas nenhuma atividade do país consegue compreender a economia de Dilma.
Marina já avisou que planeja restaurar o tripé instituído em 1999, sob FHC, que combina metas de inflação, câmbio flutuante e superávit nas contas públicas. Aécio antecipou que, se eleito, acomodará na poltrona de ministro da Fazenda o economista Armínio Fraga, outro cultor do tripé. E Dilma? Silêncio.
No gogó, Dilma prometera inflação baixa e PIB alto. Entregará carestia alta e crescimento mixuruca. Questionada, atribui a ruína à crise financeira internacional. E põem-se a festejar o "pleno emprego". Jacta-se das 5,5 milhões de vagas com carteira assinada abertas na sua gestão.
O problema é que o desaquecimento começa a mastigar os empregos. Em julho, abriram-se 11.796 mil vagas. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve uma queda de 71,5%. Foi o pior resultado desde 1999. Evidência de que, devagarinho, a crise vai chegando ao mercado de trabalho.
Sem condições de falar sobre o presente, Dilma concentra-se no futuro, um espaço impreciso, onde cabe tudo, pois não pode ser cobrado ou conferido. No gogó, afirma ter preparado o país para ingressar num "novo ciclo de desenvolvimento". Como? Ninguém sabe.
Sob Dilma, só um indicador é pujante: a TDIC, Taxa de Desconfiança sobre as Intenções da Presidente.
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