Caetano: ‘Marina é o esboço de um novo Lula’
O cantor e compositor Caetano Veloso saiu em defesa de Marina Silva. Fez isso por meio de um texto que pendurou nas redes sociais. "As maluquices crescem e proliferam em reação à força eleitoral de Marina", escreveu.
Sem mencionar Dilma Rousseff, Caetano contestou a propaganda da campanha petista que associou Marina a dois desastres da história política brasileira. Para Caetano, Marina assemelha-se a Lula, não a Fernando Collor e Jânio Quadros.
"Marina não é nada de Collor nem nada de Jânio", anotou. "Marina é o esboço de um novo Lula." Com o linguajar empolado que lhe é característico, Caetano acrescentou:
Marina "é o organismo Brasil movendo-se internamente para metabolizar novos conteúdos. Esses novos conteúdos têm relação com os velhos —às vezes sentidos como eternos— problemas brasileiros: a desigualdade, a sociedade hierárquica, o atraso."
Quem lê fica com a impressão de que o autor quis dizer que concorda com o papel que Marina se autoatribui de legítima representante da "nova política". Caetano escreveu que "faz sentido" ter gratidão pelas conquistas obtidas sob Lula. Êxitos que, em caetanês, viram "os conseguimentos do PT no poder."
Ele também acha que a "sensatez" de Aécio Neves gera "esperanças". Avalia que o economista Armínio Fraga, nomeado antecipadamente pelo candidato para ocupar a pasta da Fazenda num eventual governo tucano, expõe "planos sensatos de superação do que parece ser o beco-sem-saída em que entrou a política econômica petista" na Era Dilma.
Mas nem a gratidão a Lula nem a esperança despertada por Aécio dão "o direito a ninguém de desconsiderar a seriedade com que Marina se comporta sempre —e desde sempre", ralhou Caetano. Para ele, Marina é dotada de uma "coerência íntima" que não se perdeu ao longo de sua trajetória, de militante a presidenciável, passando pelas cadeiras de vereadora, senadora e ministra."
Caetano questionou pecha de evangélica fundamentalista que se tenta grudar em Marina. Citou um artigo publicado na Folha há 13 dias pelo físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp. "…Repete que ela é criacionista, sem que ela nada tenha dito que justificasse tal conclusão", reclama.
Caetano realça no seu texto que a evangélica Marina não é a única personagem da cena pública a cultivar o apreço pelos preceitos bíblicos. "Os católicos também seguem a Bíblia e nem por isso se diz que Frei Beto ou Gilberto Carvalho são criacionistas ou que afirmam que o mundo foi criado há poucos milênios."
Sem nominar os autores, Caetano disse ter lido textos de pessoas "sensatas" que "tomam Marina como risco de fundamentalismo". Espanta-se: "Mas como? Uma mulher que tem, com mais clareza e firmeza do que todos os outros postulantes, falado sobre o sentido do Estado laico!"
Eleitor do deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ), Caetano diz entender a contrariedade dele "com o recuo, no programa de Marina, quanto a temas cruciais dos grupos LGBT." Porém, contemporiza:
"Sempre me senti mais identificado com os gays do que com os caretas. Mas nem de longe isso me abala em minha decisão de votar em Marina. Os recuos no seu programa não a colocam em posição menos progressista do que a de seus oponentes. E Marina é tão maior promessa! Por que não ter coragem de apostar nela?"
Caetano encerra sua manifestação com três pedidos de voto: "Se eu pudesse influir, diria: votem em Marina. Votem em Freixo. Votem em Jean Willys."
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