Oscilação negativa obriga Marina a fazer política
Surrada abaixo da linha da cintura na propaganda eleitoral de Dilma Rousseff e pisoteada na de Aécio Neves, Marina Silva bambeou. Ela ainda conserva um pé no segundo round da luta de boxe em que se converteu a sucessão de 2014, informa o Datafolha. Mas, para sobreviver na luta, terá de fazer algo que preferia adiar para depois de uma hipotética vitória: acordos políticos.
Aécio Neves despertou do nocaute. Mas enfrenta a contagem regressiva do calendário. Como observaram Mauro Paulino e Alessandro Janoni, diretores do Datafolha, "para chegar ao segundo turno, Aécio deve torcer por um feito inédito em eleições presidenciais nesta etapa da disputa: sua candidatura crescer além de seu teto e Marina cair abaixo de seu piso."
Se confirmado pelos fatos, o embate final entre as duas damas da eleição será sangrento. Em fins de agosto, Marina ostentava na sondagem do segundo turno uma dianteira de dez pontos sobre Dilma (50% a 40%). Hoje, ela continua numericamente à frente. Mas a diferença é de apenas dois pontos (46% a 44%) —um empate técnico.
Deu-se até aqui, mais ou menos o que planejara João Santana depois que Marina ganhou o primeiro plano da disputa. Armado de mentiras, mistificações e falsas analogias, o marqueteiro de Dilma dissolveu um pedaço das intenções de voto de Marina e, mais grave, fez dobrar sua taxa de rejeição. Há um mês, apenas 11% dos eleitores diziam que jamais votariam em Marina. Hoje, a taxa soma 22%.
Permanecendo no ringue, Marina terá de provar para o pedaço menos ilustrado do eleitorado que não é a fraude que Lula e Dilma autorizaram João Santana a fabricar. A seu favor, a candidata do PSB terá a paridade de armas. Vai dispor dos mesmos dez minutos de rádio e televisão a que Dilma terá direito. Dinheiro também não haverá de lhe faltar. O problema de Marina será providenciar matéria-prima adequada para preencher o tempo de propaganda.
Marina precisará adensar o córner, atraindo forças novas para o seu lado no ringue. Sob pena de potencializar a empulhação segundo a qual sua vitória empurraria o país para um desastre à Jânio ou à Collor. De saída, terá de obter de Aécio o que sonegou a José Serra na sucessão de 2010.
O apoio do PSDB não cairia no colo de Marina. Teria de ser conquistado. Noutras condições, a candidata talvez pudesse esnobar o tucanato. Avessa ao PT, a maioria dos eleitores de Aécio tenderia a votar nela. Mas Marina precisará, acima de tudo, passar a impressão de que a sua "nova política" não é antônimo de bom senso.
Marina não terá de sentar à mesa com um Sarney ou um Renan. Mas será pressionada a abrir um sorriso para personagens como Geraldo Alckmin, sobretudo se ele mantiver o favoritismo que ostenta nas pesquisas. Nas palavras de um correligionário do PSB: "Marina ainda tem boas chances de virar presidente da República. Mas precisa errar menos. E recusar uma parceria com Alckmin no maior colégio eleitoral do país seria um equívoco primário."
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