Marina: ‘PT é macaco do galho do Sarney e Cia’
Em comício realizado na noite passada, no bairro de Cajazeiras, periferia de Salvador, Marina Silva tratou seu ex-partido com uma dose extra de acidez. Disse que a coligação da rival Dilma Rousseff junta "alhos com bugalhos". Gente que, no passado, "nem conversava". Enumerou: "O PT combatia o Sarney, o Collor, o Renan, o Maluf, o Jáder Barbalho… Agora, estão todos juntos. É tudo macaco do mesmo galho."
Durante o governo Lula, quando Marina foi ministra do Meio Ambiente, o PT já havia firmado sua aliança com o que há de mais arcaico na política brasileira. E Marina conviveu com os "bugalhos" sem dar um pio. Só saltou do barco quando decidiu embarcar no projeto presidencial de 2010, que obteve quase 20 milhões de votos.
Marina falou para uma plateia miúda, pouco mais de 300 pessoas. Mas seu comitê cuidou para que o discurso fosse transmitido ao vivo pela internet. Irônica, a candidata realçou outra junção inusitada ocorrida na atual campanha. A junção do PT com o PSDB. "Pela primeira vez na história desse país o azul e o vermelho estão juntos na mesma artilharia pesada, combatendo a gente a ferro e fogo. E sabe por quê? Pela briga do poder pelo poder. Estamos aqui para dizer que não vale tudo para ganhar o poder."
Mais cedo, Dilma Rousseff voltara a lançar mão da tática do medo num comício em São Paulo. A rival de Marina dissera que, a poucos dias da eleição, "começa uma série de mentiras e boatos." Em seguida, difundiu o seu boato preferido:
"Tem uns que dizem que o Bolsa Família, nosso programa mais importante, o programa que nós consideramos o mais forte para reduzir pobreza e desigualdade, junto com emprego e aumento de salário, vai acabar. Vai acabar se eles forem eleitos."
Marina também fizera campanha em São Paulo pela manhã, só que no interior do Estado, em Campinas. No comício de Salvador, ela repetiu um pedido que havia feito à plateia campineira. Deseja que seus partidários combatam os boatos nas redes sociais.
"Pode dizer lá: eu vou manter o Bolsa Família, o Minha Casa…, o Mais Médicos, o Fies, o Prouni, o Propnatec. As coisas boas nós vamos manter. Vamos explorar os recursos do pré-sal, dedicando-os à saúde e educação. O que não vamos permitir é que um diretor, um grupo de mensaleiros, façam corrupção na Petrobras. Essa velha política de se servir daquilo que é de todos haverá de acabar."
Na opinião de Marina, a tática de associá-la ao risco de extermínio de benefícios sociais "subestima a inteligência do povo brasileiro". Referiu-se à estratégia de Dilma como "conversa de marqueteiro." Acha que, no final, não vai colar. Citou o escritor francês Victor Hugo, autor de Os Miseráveis. "Ele disse: 'nada é mais poderoso do que uma ideia cujo tempo chegou'."
Marina emendou: "O desejo por uma nova política é uma ideia que chegou para os brasileiros. E as ideias cujo tempo chegam só precisam de homens e mulheres que se disponham essas ideias."
Para encerrar, Marina evocou um fenômeno amazônico: o encontro das correntes fluviais do rio Amazonas com as águas oceânicas. "A gente está fazendo uma onda, uma grande onda. […] É como se fosse o encontro das águas. Lá na minha Amazônia tem um fenômeno chamado pororoca. Quando as águas se encontram, formam uma pororoca que não tem quem segure. Na campanha, essa pororoca é a sociedade brasileira."
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