Publicidade de Dilma se apossa da Ficha Limpa
Nascida de uma mobilização popular que resultou na coleta de 1,3 milhão de assinaturas, a Lei da Ficha Limpa vem sendo mencionada na propaganda eleitoral de Dilma Rousseff como se fosse uma iniciativa do governo. As referências constam de comerciais e textos nos quais o marketing da campanha tenta vender a ideia de que as administrações petistas sempre combateram a corrupção de forma implacável.
Num dos seus programas eleitorais, Dilma caprichou na pose: "Um tema me causa muita revolta e imensa repulsa: a corrupção." No vídeo, ela diz ter ampliado "um esforço que já vínhamos fazendo desde o governo Lula, fortalecendo a Polícia Federal e todos os órgãos de controle e fiscalização." Enumerou as providências resultantes do "esforço". Em dado momento, ela declara: "aprovamos a Lei da Ficha Limpa" (no vídeo, disponível aqui, a frase aparece na altura de 1min30s.)
A lei de iniciativa popular foi citada também num texto veiculado há dois dias no site oficial da campanha de Dilma. Foi escrito para apresentar um "novo vídeo sobre Dilma e o combate à impunidade." Na peça, a marquetagem petista bate bumbo em torno de cinco projetos de lei que a presidente anunciara no último final de semana. Coisa retirada de uma espécie de agenda secreta, conforme já comentado aqui.
Pois bem. Após esmiuçar as cinco iniciativas, o texto anota: "Essas propostas são a continuidade das diversas ações de combate à corrupção tomadas ao longo dos governos do PT." Na lista de ações, encontra-se novamente a "Lei da Ficha Limpa" (o texto pode ser lido aqui. A menção imprópria consta do penúltimo parágrafo).
A tese de que Dilma e os governos do PT têm algo a ver com o nascimento da Lei da Ficha Limpa é tão válida quanto uma insinuação de que a candidata à reeleição ajudou a escrever as partituras das nove sinfonias de Beethoven. A proposta de iniciativa popular aportou na Câmara em setembro de 2009. Perambulou durante nove meses.
Sob pressão das ruas e das manchetes, o projeto foi aprovado, com ajustes, pela Câmara e, depois, pelo Senado. Virou a Lei Complementar 135/2010. Foi sancionada em 4 de junho de 2010, ainda sob Lula. Ao incluir a obra coletiva no rol de realizações do governo do PT, Dilma conta algo que o poeta gaúcho Mario Quintana classificaria de "uma verdade que esqueceu de acontecer."
Não fica bem. Subretudo quando se recorda que Dilma acaba de acusar a rival Marina Silva de mentir sobre o voto contrário à CPMF que deu na época em que era senadora.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.