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Josias de Souza

CPI: Oposição tentará convocar Gleisi e Vaccari

Josias de Souza

21/10/2014 16h16

Sérgio Lima/FolhaA CPI mista da Petrobras reúne-se nesta quarta-feira (22). Os partidos de oposição —PSDB, PPS, DEM e Solidariedade— tentarão aprovar durante a sessão requerimentos de convocação de dois petistas ilustres: a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann e o conselheiro de Itaipu e tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Gleisi e Vaccari foram mencionados em depoimentos de investigados na Operação Lava Jato. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou em sua delação premiada que Gleisi recebeu R$ 1 milhão em verbas desviadas da estatal para sua campanha em 2010. Ela nega.

Quanto a Vaccari, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef disseram em ação penal pública que era ele o operador do PT no esquema que desviava 3% sobre o valor dos contratos celebrados pela Petrobras com grandes fornecedores e prestadores de serviços. Ele também nega.

O noticiário trouxe à luz também o nome do ex-presidente do PSDB federal, Sérgio Guerra. Ele foi acusado de receber propinas de R$ 10 milhões para ajudar a sepultar uma CPI petroleira de 2009. Para ventura da oposição, Guerra não pode ser convocado. Morreu há sete meses.

A oposição fará barulho. Mas é improvável que consiga aprovar os dois requerimentos —sobretudo numa sessão que acontecerá a quatro dias da eleição presidencial. Os operadores políticos do conglomerado governista se equipam para evitar constrangimentos à campanha de Dilma Rousseff. A forma mais simples é sonegando o quórum exigido para deliberação.

Antes de discutir o que fazer com os requerimentos, a CPI vai inquirir, a partir de 14h30, José Carlos Cosenza. Ele é diretor de Abastecimento da Petrobras. Assumiu o posto em 2012, depois da saída de Paulo Roberto Costa, hoje um corrupto confesso.

Deve-se a convocação de José Cosenza aos deputados Rubens Bueno (PPS-PA) e Carlos Sampaio (PSDB-SP). Os dois mencionaram em seus respectivos requerimentos reportagens que levantaram suspeitas em relação ao substituto de Paulo Roberto.

Numa, noticiou-se que o hoje delator teria mantido os negócios escusos na Petrobras com o auxílio do sucessor, que nega. Noutra, revelou-se o teor de mensagem trocada pelo deputado Luiz Argôlo (SD-BA) com Alberto Youssef. Nela, o parlamentar pede ao doleiro que marque um encontro com Cosenza.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.