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Josias de Souza

Gilmar Mendes critica Dilma por ‘falar bobagem’

Josias de Souza

05/11/2014 07h10

Um dia depois da publicação da entrevista na qual manifestou seu receio de que Dilma Rousseff converta o Supremo Tribunal Federal numa "corte bolivariana", o ministro Gilmar Mendes voltou a fustigar a presidente. A coisa aconteceu na sessão do TSE, na noite desta terça-feira (4), durante o julgamento do pedido de auditoria das urnas feito pelo PSDB.

Para Gilmar,  uma "bobagem" dita por Dilma no ano passado pode ter potencializado a boataria sobre a suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas. "Eu não cometo nenhuma imprecisão ao lembrar a declaração da presidenta Dilma que diz 'a gente faz o diabo quando é hora de eleição'. A gente pode entender essa expressão de várias formas. Mas, fazer o diabo tem uma carga figurativa muito grande. Será que fazer o diabo significa que é capaz até de fraudar a eleição?", indagou o ministro.

Ele prosseguiu: "Vejam a responsabilidade de pessoas que ficam a falar bobagem, inclusive em campanha eleitoral. Veja o peso que isso tem no imaginário das pessoas. O que significa fazer o diabo na eleição?" A frase que Gilmar evocou foi pronunciada por Dilma em abril de 2013, em João Pessoa, numa cerimônia de entrega de chaves do progama Minha Casa, Minha Vida (assista no alto).

A pretexto de esclarecer que não discrimina gestores públicos de outros partidos, Dilma declarou: "Nós podemos disputar eleição, nós podemos brigar na eleição, nós podemos fazer o diabo quando é hora da eleição. Agora, quando a gente está no exercício do mandato, nós temos de nos respeitar, porque fomos eleitos pelo voto direto do povo brasileiro. O governo não tem nenhuma justificativa para perseguir que não é do mesmo partido dele. "

Gilmar criticou também uma frase de Lula, dita num evento partidário em agosto passado. Dirigindo-se a Dilma, o morubixaba do PT afirmara: "…Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer pra fazer com que você seja a nossa presidenta". (assista abaixo)

E Gilmar: "Temos sido muito tolerantes com muitas pessoas. Quem diz isso, é capaz de dizer: 'eu sou capaz de fraudar a eleição'. Pessoas que ocupam ou que ocuparam cargos públicos têm que ter alguma dignidade. Esse tipo de afirmação gera suspeita."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.