Governo vê digitais do PMDB em dois vexames
Eleitor declarado do ex-presidenciável Aécio Neves, o protogovernista Romero Jucá (PMDB-RR) voltou a dar demonstrações de fidelidade à inquilina do Palácio do Planalto. Pelo "bem do país", o senador carrega o piano em que se converteu o projeto que autoriza o governo a fechar suas contas de 2014 no vermelho.
Nesta quarta-feira, chamado de "mentiroso" na Comissão de Orçamento pelo deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), do grupo de Aécio, Jucá expôs a teoria dos dois palmos. Consiste no seguinte: "Eu tenho um limite na minha vida. Meu limite é dois palmos. Se vier com carinho, é mais dois palmos de carinho. Se vier com porrada, é mais dois palmos de porrada. Vossa Excelência escolhe o tom."
Aprovado na noite da véspera numa sessão em que o regimento foi rasgado para contornar a obstrução dos oposicionistas, o relatório de Jucá teve de ser votado novamente. O governo sucumbiu nas preliminares. Só obteve 15 dos 18 votos de deputados exigidos para a aprovação de requerimento que encurtaria a tramitação da proposta em dois dias.
No dia anterior, o Planalto já havia perdido de goleada para a oposição numa reunião da CPI mista da Petrobras. Aprovaram-se meia dúzia de convocações indesejadas. Passou até um requerimento de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O placar foi ainda mais apertado: 12 a 11.
Os operadores políticos de Dilma suspeitam que os votos que faltaram na Comissão de Orçamento e na CPI não sumiram por obra do acaso. Desapareceram porque o PMDB da Câmara estaria colocando em prática a teoria desenvolvida por Jucá. Nessa versão, a bancada de deputados do PMDB aplicou contra o Planalto dois palmos de porrada. Se Dilma parar de torpedear a candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, o PMDB pode encurtar a distância, oferecendo à presidente da República dois palmos de carinho. Caberá a Dilma escolher o tom.
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