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Josias de Souza

Fuga final injetou vexame no fiasco de Mantega

Josias de Souza

06/01/2015 02h15

Eliminado do espetáculo por Dilma Rousseff em plena campanha eleitoral, Guido Mantega permaneceu na Fazenda. Reeleita, a presidente escolheu um ator-substituto. E Mantega, o longevo, aceitou o papel de figurante temporário. Tudo muito constrangedor. Mas o número mais vexaminoso desse roteiro marcado pelo fiasco foi a passagem de bastão que Mantega ia executar no momento em que fugiu.

Dias antes do epílogo, Mantega já havia protagonizado uma fuga. Mas fugira apenas da realidade, ao divulgar o documento no qual sustentou a fábula segundo a qual a economia brasileira nunca esteve tão sólida. Não se imaginou que a falta de presença de espírito para ouvir Joaquim Levy discursar sobre os inevitáveis ajustes resultaria na ausência de corpo de Mantega. Se fosse um filme, o título seria: 'Matou o PIB e saiu em férias'.

Mantega conseguiu superar-se. Permaneceu no cargo além do razoável. E saiu em férias antes do recomendável. Injetou vexame no seu fiasco. Pena. Alguém já disse que dignidade é feito virgindade. Perdeu, tá perdida. Não dá segunda safra.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.