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Josias de Souza

Terrorismo transforma conceito de emergência

Josias de Souza

11/01/2015 21h59

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A maior tragédia provocada pelo terrorismo contemporâneo é o aviltamento do conceito de emergência. O perigo momentâneo, que exigia cuidados esporádicos, tornou-se permanente. O terror pode explodir em qualquer lugar —numa maratona em Boston ou numa redação de Paris —, a qualquer hora, por qualquer motivo.

A França deu uma resposta grandiosa à penúltima erupção do fenômeno: foram às ruas das principais cidades francesas 3,7 milhões de pessoas. Uma evidência de que há disposição para enfrentar a maluquice fundamentalista. A questão é: como responder à ditadura da imprevisibilidade sem aviltar direitos individuais?

Em 18 de fevereiro, a Casa Branca sediará uma cúpula global de segurança. Vão à mesa planos para combater o "extremismo violento no mundo". A sensação de vulnerabilidade e a psicose com o que ainda pode acontecer são bons pretextos para responder ao extremismo com mais extremismo.

O terrorista, como se sabe, é um mocinho escalado por seus autocritérios para matar o tumor e se casar com o câncer. A reação a esse tipo de maluco exige um grau inédito de sensatez. De saída, é preciso entender que o radical islâmico não se confunde com o islã. De resto, é preciso olhar ao redor. Hoje, o terrorista tem cidadania americana ou europeia. Segregar é fácil. Difícil mesmo é integrar.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.