Eduardo Cunha cogita abrir CPI do setor elétrico
Convencido de que se encontra no meio de uma guerra que tem o Palácio do Planalto na trincheira oposta, o deputado Eduardo Cunha informou a membros de sua infantaria qual será seu próximo movimento no front. O presidente da Câmara pretende instalar na Casa uma nova CPI. Foi solicitada pelo PSDB num requerimento endossado por 172 deputados, um além do mínimo exigido pelo regimento. Destina-se a apurar irregularidades no setor elétrico.
Cunha e seus combatentes enxergaram o potencial da nova CPI ao tomar conhecimento do curto-circuito que Dalton Avancini, diretor-presidente da Camargo Corrêa, está prestes a provocar. Detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o executivo da empreiteita entendeu-se com os procuradores da Operação Lava Jato para virar um delator.
Avancini mostrou-se disposto dar detalhes sobre um suposto pagamento de cerca R$ 100 milhões que a Camargo Corrêa teria feito para cavar contratos no canteiro da usina hidrelétrica de Belo Monte, um dos diamantes do Programa de Aceleração do Crescimento. Na versão do novo delator, o dinheiro teria sido rateado entre o PT e o PMDB.
De resto, o tucanato pretende com sua CPI levar à alça de mira a própria Dilma. Conforme anotado no pedido de investigação, o PSDB quer varejar as causas, as consequências e os responsáveis pela "desestruturação do setor elétrico" a partir de 2004, quando a atual presidente da República respondia pela pasta de Minas e energia.
Dilma concovou para a manhã desta segunda-feira uma reunião destinada a analisar a conjuntura e esboçar uma estratégia capaz de retirar seu governo do córner. O rol de temas para essa conversa já é vasto —da descoordenação do Planalto à conflagração da tropa. Eduardo Cunha oferece mais matéria-prima para o debate.
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