Fora Dilma é um feitiço do PT contra o feiticeiro
Os pesquisadores do Datafolha perguntaram: Considerando tudo o que se sabe até o momento a respeito da Operação Lava Jato, o Congresso deveria abrir um processo de impeachment para afastar a presidente Dilma da Presidência? A resposta foi eloquente: 63% dos brasileiros consultados responderam "sim". Isso ajuda a entender por que desejo de puxar o tapete da presidente ganha as ruas.
Os petistas reclamam muito da atmosfera de fim do mundo que rodeia o Palácio do Planalto. Fariam um bem a si mesmos se examinassem o próprio rabo. O 'Fora Dilma' não é senão um feitiço do PT virando-se contra o feiticeiro. No ano pré-eleitoral de 2001, a moda era o 'Fora FHC'. Foi incorporado ao discurso de líderes do petismo. E ganhou as ruas nas faixas de uma CUT implacável com o governo.
Naquela ocasião, já estava claro, muito claro, claríssimo que atear fogo no cenário político não era um bom negócio para o PT. O partido chegara ao poder em alguns Estados e em vários municípios. No ano seguinte, Lula se tornaria presidente, prevalecendo sobre José Serra.
Desde então, o PT trocou o desejo de virar a mesa pelo hábito de sentar-se em torno dela. Perdeu-se num detalhe. Em vez de usar o tampo para recostar os cotovelos em rodadas de diálogo, usou-o para repartir dinheiro com pseudo-aliados. O fisiologismo e o patrimonialismo foram elevados à potência máxima. Deu no mensalão. Continuou compartilhando propinas. Deu no petrolão.
Aquele PT casto e imaculado morreu. E, suprema desgraça, não foi para o céu. Hoje, 75% dos brasileiros apoiam os protestos anti-Dilma, informa o Datafolha. Uma maioria ainda mais tonitruante de 83% diz acreditar que Dilma sabia da corrupção na Petrobras. Desses, 57% avaliam que ela deixou que a roubalheira progredisse. Outros 26% acham que ela nada podia fazer.
Meio tonto, o ex-PT aciona a ex-CUT e o notório MST para levar às ruas "exércitos" de militantes remunerados contra um golpe inexistente. Não há quarteis na jogada. E a multidão olha de esguelha para os políticos. Querem revogar o resultado eleitoral, insiste o ex-PT. E o Datafolha: 64% dos brasileiros acham que Dilma não será afastada por causa das denúncias de corrupção na Petrobras.
Quer dizer: por ora, há mais histeria do que estratégia na causa do impeachment. O brasileiro deseja. Mas sabe que a via democrática exige mais do que isso. De concreto mesmo apenas uma evidência: o ex-PT e suas ramificações sindicais e sociais tornaram-se forças minoritárias no asfalto. Natural. Na época do 'Fora FHC', diziam que o governo do presidente tucano achegara-se à gestão de Fernando Collor em matéria de corrupção. Hoje, Collor é sócio do petrobutim e frequenta a lista do procurador Rodrigo Janot.
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