Pânico de panelaço faz de Dilma uma protagonista de teatro de bonecos
Grande ideia, diluir Dilma Rousseff na internet, para camuflar-lhe a impopularidade no Dia do Trabalho. Mas não se deve parar por aí. Por que não sumir de vez com a presidente? Já que lhe falta presença de espírito para lidar com panelaços, a ausência de corpo reduziria a zero o risco de novos protestos.
O sumiço em todos os outros dias do ano não devolveria à presidente a popularidade perdida. Mas evitaria que o ministro Edinho Silva (Comunicação Social) passasse novamente pelo ridículo de convocar uma entrevista para declarar que Dilma "não teme nenhum tipo de manifestação da democracia."
Dilma não desistiu de levar sua cara ao horário nobre, em rede nacional, por medo das panelas. Não, não. Absolutamente. Ela "só está valorizando outro modal de comunicação", explicou Edinho. "Já valorizou a rádio, valoriza todos os dias a comunicação impressa, valoriza a televisão, e resolveu valorizar as redes sociais."
A variação não pode se restringir à internet. Dilma precisa valorizar os jornais de bairro, os livretos de cordel, os boletins informativos do Rotary, os alto-falantes de quermesses… De modal em modal, madame alcançaria o Éden da invisibilidade. Passaria a se comunicar com o país por meio de sinais de fumaça. Que ela emitiria dos jardins do Alvorada, sem precisar sair do palácio residencial.
Em vez dos gastos extorsivos com autopromoção, toda a verba da publicidade oficial seria aplicada num amplo projeto de encenação nacional. Poderia se chamar 'Projeto Bunraku'. Calma, não se trata de nenhum palavrão. Bunraku é o nome do tradicional teatro de bonecos do Japão. Os bonecos são manipulados por pessoas integralmente vestidas de preto.
A plateia enxerga a movimentação dos manipuladores no palco. Mas como eles estão 100% cobertos de preto, convencionou-se que todo mundo deve fingir que são invisíveis. É mais ou menos o que já acontece no Brasil de Dilma. Para ficar igual, só falta trocar o figurino dos manipuladores.
Recobrindo-se o Lula, o Joaquim Levy, o Michel Temer, o Renan Calheiros e o Eduardo Cunha de preto, os brasileiros não precisarão mais se esforçar para acreditar na autonomia da boneca. Quanto a Dilma, trancada no Alvorada e reduzida a sinais de fumaça, ela livraria seus tímpanos do barulho das panelas.
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