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Josias de Souza

Temer para Renan: ‘não uso cargo para agredir’

Josias de Souza

30/04/2015 20h36

Conforme já comentado aqui, o PMDB tornou-se a mosca de sua própria sopa. Na penúltima investida do partido contra si mesmo, Renan Calheiros referiu-se ao correlegionário Michel Temer como uma espécie de chefe do departamento de RH do governo, um gerente de "cargos e boquinhas". Em resposta elegante, Temer anotou: "Não usarei meu cargo para agredir autoridades de outros Poderes."

Investigado por suspeita de receber propinas na Petrobras, Renan leu na resposta de Temer o vocábulo "ética". O vice-presidente escreveu: "Respeito institucional é a essência da atividade política, assim como a ética, a moral e a lisura."

Incomodado com o rebaixamento do pé-direito do PMDB, Temer insinuou que Renan é menor do que os desafios que o assediam: "Não estimularei um debate que só pode desarmonizar as instituições e os setores sociais. O país precisa, neste momento histórico, de políticos à altura dos desafios que hão de ser enfrentados."

De resto, Temer deu a entender que tem coisas mais relevantes a fazer do que ficar batendo boca. "Trabalho hoje com o objetivo de construir a estabilidade política e a harmonia ensejadoras da retomada do crescimento econômico em benefício do povo brasileiro. Se outros querem sair desta trilha, aviso que dela não sairei."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.