Governo liquida cargos antes de votar o ‘ajuste’
Às vésperas do início da votação do ajuste fiscal, o governo Dilma Rousseff promove no Congresso uma espécie de liquidação de cargos. Distribui aos aliados posições de comando em órgãos públicos federais localizados nos Estados. É o chamado terceiro escalão da máquina estatal. O Planalto distribui poltronas na expectativa de receber votos. Entram no toma-lá-dá-cá poltronas em vários ministérios. Entre eles Transportes, Trabalho, Previdência, Agricultura e Pesca.
Coordenadores das bancadas estaduais de diferentes legendas reúnem-se a portas fechadas para ratear os cargos. Em pelo menos quatro Estados os partidos governistas já concluíram a partilha: Tocantins, Goiás, Sérgipe e Piauí. Os nomes seguem para o gabinete do vice-presidente Michel Temer, coordenador político do governo. Auxilia Temer na administração dos interesses fisiológicos do conglomerado pró-Dilma o ministrio Eliseu Padilha (Aviação Civil).
Não é a primeira vez que um governo leva o terceiro escalão ao balcão. A prática atravessa os governos. Ao longo do tempo, perdeu-se um elemento essencial: o recato. São dois os efeitos mais nefastos dessa prática. Num, aniquila-se a hierarquia. Os indicados subordinam-se aos seus padrinhos, não aos superiores hierárquicos. Noutro efeito, instalam-se nas repartições públicas novos escândalos esperando para acontecer.
Simultaneamente, o governo inaugurou na internet um site com explicações sobre o ajuste fiscal. Nele, vende-se a tese segundo a qual Dilma "ajusta" a economia para "avançar" nas conquistas. Nem sinal de autocrítica sobre os erros do primeiro mandato de Dilma. Num instante em que o pedaço desenvolvido do mundo começa a virar a página da crise, o governo brasileiro continua atribuindo sua ruína apenas à crise econômica internacional (repare no vídeo abaixo).
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