Ajuste fiscal chega ao plenário e testa a capacidade de Temer de domar PMDB
Na semana em que completa um mês como articulador político do governo, o maior desafio do vice-presidente Michel Temer é o de domar o seu próprio partido, o PMDB. Nesta terça-feira, o plenário da Câmara inicia o processo de votação do ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff. Inclui medidas antipáticas, que dificultam o acesso dos trabalhadores a benefícios como seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte. Dependendo de como se comportarem os peemedebistas, o pacote de Dilma pode prevalecer ou naufragar.
Temer tornou-se articulador em 7 de abril, graças a um apelo de Dilma. Ao assumir a incumbência, obrigou-se a apresentar resultados. O problema é que dois dos seus principais companheiros de partido conspiram contra a obtenção desses resultados. Presidentes da Câmara e do Senado, os investigados da Lava Jato Eduardo Cunha e, sobretudo, Renan Calheiros enxergam na debilidade política de Dilma uma oportunidade a ser aproveitada. A votação do ajuste será o primeiro teste da capacidade de Temer de se impor no PMDB, partido que ele supostamente preside.
Imagina-se que, enquanto os brasileiros estiverem concentrados no telhado de vidro do governo Dilma, prestarão menos atenção nos calcanhares de vidro, nos ternos de vidro, nas gravatas de vidro, nas camisas de vidro e nos compromissos de vidro de Cunha e Renan. Como presidentes das duas Casas do Legislativo, os dois podem infernizar a vida do governo a partir de meras interpretações regimentais. Além disso, ambos cavalgam a impopularidade que Dilma amealhou entre os congressistas, tratados por ela com desdém durante o primeiro mandato.
Temer tenta amolecer a resistência dos governistas ao pacote fiscal da forma mais previsível e convencional. Além de gastar saliva, oferece cargos. A distribuição já chegou ao terceiro escalão, que inclui poltronas federais nos Estados. Algo que permitiu a Renan, um velho adepto do fisiologismo, fazer pose de moralizador, acusando Temer de converter-se num articulador de Recursos Humanos, um mero gestor de "cargos e boquinhas". O país logo, logo saberá que efeitos o oportunismo e o fisiologismo exercerão sobre a votação do ajuste fiscal.
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