Senado: no cravo, Fachin; na ferradura, Patriota
O Senado Federal deu uma no cravo e outra na ferradura. Aliviou para Dilma Rousseff ao aprovar a indicação do advogado Luiz Edson Fachin para o STF. Mas, minutos antes, rosnou para a presidente da República ao rejeitar o indicado dela para o posto de representante permanente do Brasil na OEA, a Organização dos Estados Americanos.
Os operadores do Planalto contabilizavam 51 votos a favor de Fachin. Por pouco não acertaram no olho da mosca. O novo ministro vai à cadeira que foi de Joaquim Barbosa com um placar de 52 votos a favor e 27 contra. Além de evitar um novo dissabor para Dilma, os senadores impuseram uma constrangedora derrota a Renan Calheiros. Investigado no STF por suspeita de receber propinas no escândalo da Petrobras, o presidente do Senado pegou em lanças contra Fachin. Ficou demonstrado que dispunha mais de gogó do que de infantaria.
Guilherme Patriota era um vexame esperando para acontecer. Ele passara raspando na sabatina da Comissão de Relações Exteriores: 7 a 6. Desde então, não mereceu do governo os mesmos cuidados dedicados a Fachin. E arrostou no plenário um novo placar apertado. Dessa vez contra a indicação: 38 a 37.
"É a primeira vez que um diplomata tem seu nome rejeitado", criticou o senador Lindbergh. "É lamentável". Autoconvertido em aliado da onça do governo, Renan Calheiros, fez pose: "Para além de ser um ato lamentável, é uma decisão soberana do Senado, que tem que ser respeitada."
De fato, a aprovação de embaixadores e ministros do STF é atribuição do Senado. Bem verdade que os senadores poucas vezes a exerceram com a soberania evocada por Renan. Mas nunca é tarde para se redimir.
Líder do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima (PB), realçou que, tomado por seu desempenho na sabatina, Guilherme Patriota representaria melhor a Venezuela do que no Brasil na OEA. Nem só de ideologia foi feita a derrota de Patriota.
Guilherme Patriota era o número dois na Missão Permanente do Brasil na ONU. O número um, chefe do posto, é o irmão dele, o ex-chanceler Antonio Patriota. Guilherme tornou-se nacionalmente conhecido quando foi pendurado nas manchetes como feliz ocupante de um apartamento alugado na região de Upper West Side, em Nova York. Coisa fina, com custo mensal de US$ 23 mil. Despesa coberta com verbas públicas. Dinheiro seu, meu, nosso. Não fosse por outras razões, já seria suficiente para a rejeição do nome.
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