PT-SP insinua que não trocará as ruas por Dilma
A comissão Executiva do diretório do PT no Estado de São Paulo, berço da legenda, divulgou um manifesto no qual insinua que o apoio à gestão de Dilma Rousseff não é incondicional: "Nossa defesa do governo que elegemos não pode nos afastar das ruas e dos movimentos sociais", anota o documento, divulgado nesta sexta-feira, mesmo dia em que foi anunciado em Brasília o corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento da União para 2015.
Em seu manifesto, o PT paulista toma distância do ajuste fiscal de Dilma. "Apesar de necessário", diz o texto a certa altura, "o ajuste não foi pactuado com a sociedade, especialmente com as centrais sindicais, como deveria." A legenda sustenta que "a base social" do partido, que teve "um protagonismo decisivo" na cruzada que levou Dilma à reeleição, foi tomada de "perplexidade" diante da "agenda negativa".
As primeiras medidas adotadas por Dilma, escreve o PT de São Paulo, "frustraram as expectativas" e "arrefeceram toda a energia" extraída das urnas. Tomados pelas palavras, os petistas do Estado em que militam Lula e Rui Falcão, presidente nacional da legenda, avaliam que o partido está acima das conveniências de Dilma. "Entendemos as razões do governo, mas o governo tem que entender as razões do PT", afirma o documento. "A agenda do governo não pode paralisar o PT", diz noutro trecho.
No pedaço mais constrangedor para Dilma, o manifesto do PT de São Paulo compara a presidência dela com o período em que Lula deu as cartas no Planalto. "Nossos problemas atuais não podem ser atribuídos apenas à nossa chegada ao poder com Lula em 2002. […] Nossa primeira década no governo mostrou ao Brasil uma agenda de crescimento e conquistas, de alargamento da avenida de direitos e de protagonismo na defesa dos mais pobres."
Nessa fase, prossegue o manifesto, "a agenda do PT se via espelhada na agenda do governo." Não é o que sucede agora, no alvorecer do segundo mandato de Dilma. "A agenda do governo nos últimos meses, em que pese suas razões, se distancia do que o PT sempre representou e do que sua base social aspira. O que o petismo paulista diz no seu documento, com outras palavras, é o seguinte: o governo Dilma descolou-se do PT. E vice-versa.
O manifesto foi elaborado para orientar os delegados que o PT de São Paulo enviará ao 5º Congresso do partido, em junho, na cidade de Salvador. Na noite desta sexta-feira, realizou-se a etapa estadual do congresso. Lula seria a grande estrela do encontro. Porém, ele cancelou sua participação na última hora, para desassossego da militância petista, que ansiava por ouvi-lo discursar. Lula viajara mais cedo para Brasília, onde participou de uma reunião com Dilma e ministros do PT. Alegou cansaço. Lula recusando microfone é coisa nunca antes vista na história desse país.
O documento do PT paulista lembra que o Congresso partidário de Salvador não foi convocado para discutir temas conjunturais. Mas sustenta que a realidade impõe uma mudança de curso. "Está evidente que a gravidade do momento atual sobre a trajetória e o futuro do PT nos impede de fazer uma discussão de natureza apenas filosófica. A agenda do presente exige respostas imediatas e contundentes das nossas direções e de nossa militância."
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