Oposição entregou a vitória a Dilma no Senado
Foi apertada a vitória do governo na primeria batalha do ajuste fiscal no Senado. A proposta que endurece as regras para a concessão de seguro-desemprego, abono salarial e seguro ao pescador artesanal passou por uma diferença de apenas sete votos. Votaram a favor 39 senadores. Contra, 32. Dilma Rousseff só prevaleceu porque foi socorrida por senadores dos dois principais partidos de oposição (PSDB e DEM) e de uma legenda que se diz "independente" (PSB).
Os antagonistas de Dilma ajudaram o governo de duas maneiras, ora votando a favor ora ausentando-se do plenário. Disponível aqui, a íntegra da lista de votação vai reproduzida no rodapé desta notícia. Abaixo, um resumo do que sucedeu:
1. Traições: As lideranças do PSDB e do PSB orientaram seus senadores a rejeitarem a proposta do governo. A despeito disso, votaram a favor a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) e os senadores Fernando Coelho (PSB-PE) e Roberto Rocha (PSB-MA). Se esses três congressistas tivessem seguido a orientação dos seus partidos, os 39 votos do governo cairiam para 36. E os 32 votos contrários à proposta subiriam para 35. A diferença cairia de sete para apenas um voto.
2. Ausências: quatro senadores filiados à oposição estavam ausentes do plenário na hora da votação. Deixaram de registrar seus votos no painel eletrônico do Senado: Antonio Anastasia (PSDB-MG), Alvaro Dias (PSDB-PR), Wilder Moraes (DEM-GO) e Maria do Carmo (DEM-SE). Se esses quatro senadores tivessem votado contra a proposta, o bloco anti-Dilma subiria de 35 votos para 39. E o placar teria sido de 39 votos contra o projeto e 36 a favor. Assim, a oposição livrou o governo de uma humilhante derrota por uma diferença de três votos.
3. Preliminar: antes da batalha principal, houve uma preliminar. Os senadores tiveram de opinar sobre a constitucionalidade da proposta. O texto foi considerado constitucional por um placar ainda mais apertado: 36 a 32. Diferença de escassos quatro votos. De novo, a oposição salvou Dilma. Nessa rodada, também votaram a favor do governo a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) e os senadores Fernando Coelho (PSB-PE) e Roberto Rocha (PSB-MA). Se os três tivessem acompanhado a orientação de suas legendas, o total de votos favoráveis ao governo cairia de 36 para 33. E o bloco do contra pularia de 32 para 35. Já seria suficiente para derrotar Dilma. O vexame seria maior não fosse pela ausência de Antonio Anastasia (PSDB-MG) e por um apagão de José Serra (PSDB-SP), que "esqueceu" de votar nessa preliminar.
4. Reincidência: Esta foi a segunda vez que as legendas que se opõem ao governo socorrem Dilma na tramitação do ajuste fiscal. Quando a mesma proposta foi votada na Câmara, na noite de 6 de maio, o Planalto livrou-se da derrota graças aos 19 votos que obteve nas fileiras rivais. Relembre aqui.
5. Pseudoaliados: uma vez mais, ficou evidente que aquilo que o governo chama de "base aliada" tornou-se uma espécie de queijo suíço integralmente feito de buracos. Nem o PT entregou 100% dos seus votos a Dilma. Votaram contra o arrocho nos benefícios trabalhistas três senadores petistas: Lindbergh Farias (RJ), Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA). No PMDB, disseram "não" ao governo Ricardo Ferraço (ES) e Roberto Requião (PR). Houve traições também no PDT, no PTB e no PSD. Entre os silvérios está Fernando Collor (PTB-AL). Abaixo, a íntegra da lista de votação:
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