Renan compõe um Conselho de Ética amistoso
Sob o estrepitoso silêncio da banda muda do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) compôs um Conselho de Ética de estimação. Aprovado nesta terça-feira (2) numa votação simbólica, dessas em que os senadores não precisam mostrar a cara no painel eletrônico, o colegiado foi montado de modo a assegurar uma maioria confortável contra eventuais pedidos de cassação dos mandatos do próprio Renan e de outros 11 senadores enrolados na Operação Lava Jato.
A propósito, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos investigados do escândalo da Petrobras, não teve nenhum constrangimento em aceitar uma das cadeiras do Conselho de Ética. Até por solidariedade, ele tende a livrar da grelha os petrocolegas em eventuais processos por quebra de decoro parlamentar.
O presidente do Conselho de Ética será o senador João Alberto (PMDB-MA), um soldado da infantaria de José Sarney (PMDB-AP), velho admirador de Renan. Tomado pela quatidade de vezes que presidiu o conselho, João Alberto é uma espécie de Joseph Blatter do Senado. Vai ocupar a presidência do colegiado pela quinta vez. A diferença é que, diferentemente do mandachuva da Fifa, esse Blatter brasiliense não cogita renunciar.
Integra também Conselho de Ética, cuja responsabilidade é julgar os desvios de conduta da corporação, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC). A exemplo de Renan e Jucá, ele está pendurado no STF. É réu numa ação penal que apura a compra de votos na eleição de 2006.
Num universo de dez senadores, a oposição terá dois escassos representantes: Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Wilder Moraes (DEM-GO). Este último era suplente do senador cassado Demóstenes Torres (DEM-GO).
Wilder assumiu a poltrona no Senado depois que o titular teve o mandato passado na lâmina por se envolver com Carlinhos Cachoeira, o célebre bicheiro goiano. Na votação do projeto que endureceu as regras do seguro-desemprego e do abono salarial, Wilder deu de ombros para a orientação do DEM e votou 'sim', como queria Dilma Rousseff.
Os demais integrantes do Conselho de Ética do Senado são: José Pimentel (PT-CE), Regina Souza (PT-PI), Lasier Martins (PDT-RS), Otto Alencar (PSD-BA) e Elmano Férrer (PTB-PI). Nenhum deles tem o perfil de alguém que irá pegar em lanças para exigir o exame da situação dos senadores que circulam pelos corredores do Congresso como se nada tivesse sido descoberto sobre eles, previamente indultados por uma espécie de amnésia combinada.
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