Dos males o que der mais dinheiro, decide o PT
Fez papel de bobo quem acreditou na palavra de Rui Falcão. Em abril, nas pegadas da prisão do tesoureiro petista João Vaccari Neto, o presidente do PT anunciara que o partido não receberia mais doações de empresas. Agora, reunido em seu 5º Congresso Nacional, o PT abandona a bravata e retorna ao pragmatismo.
O partido se deu conta de que todo o seu idealismo, toda sua vontade de melhorar a sociedade, toda sua luta pela redução das desigualdades, tudo isso está condicionado à preservação do código de barras. Ao levantar suas dívidas de campanha —R$ 55 milhões só na cidade de São Paulo, o petismo se deu conta de que o dinheiro não traz felicidade. Mas pode levar.
Ex-governador da Bahia e atual ministro da Defesa, Jaques Wagner resumiu a ópera: "Se a regra não muda, não adianta o PT mudar sua posição. Fica parecendo uma posição de querer se colocar acima [dos outros partidos]. A gente não precisa provar que é mais honesto do que ninguém."
Houve um tempo em que o PT era a referência ética da política brasileira. A legenda não precisava provar nada. Sua honestidade era presumida. Hoje, Wagner tem toda razão, a questão é outra: um pedaço cada vez maior da sociedade é incapaz de reconhecer a honestidade do PT. E o partido é incapaz de demonstrá-la.
A explosão do petrolão depois do estrago do mensalão deixou claro que há males que vem para pior. Mas o PT trocou seus ideais pela resignação. Dos males o que der mais dinheiro.
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