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Josias de Souza

Dilma tenta comparar o incomparável, diz Aécio

Josias de Souza

29/06/2015 20h37

O senador Aécio Neves divulgou uma nota para rebater a referência feita por Dilma Rousseff ao caixa de sua campanha presidencial. "Não será com a velha tentativa de comparar o incomparável que a senhora presidente vai minimizar sua responsabilidade em relação a tudo o que tem vindo à tona na Operação Lava Jato", anotou.

Em Nova York, Dilma disse que os R$ 7,5 milhões "doados" pela UTC, empresa do delator Ricardo Pessoa, entraram no caixa de sua campanha pela via "legal". E acrescentou que, "na mesma época", Aécio "recebeu também" —uma alusão aos R$ 4,5 milhões repassados pela mesma UTC ao comitê tucano em 2014.

Aécio respondeu assim: "[…] o objeto das investigações da Polícia Federal, do MPF e da Justiça não são doações legais feitas de forma oficial por várias empresas a várias candidaturas, inclusive a minha, mas sem qualquer contrapartida que não fosse a alforria desses empresários em relação ao esquema de extorsão que o seu partido institucionalizou no Brasil."

Acrescentou: "O que se investiga —e sobre o que a presidente deve responder—são as denúncias feitas em delação premiada pelo senhor Ricardo Pessoa, que registram que o tesoureiro da sua campanha e atual ministro de Estado Edinho Silva teria, de forma 'elegante', vinculado a continuidade de seus contratos na Petrobras à efetivação de doações à campanha presidencial da candidata do PT."

Aécio realçou também "a afirmação feita pelo mesmo delator de que o tesoureiro do seu partido, o senhor João Vaccari, hoje preso, sempre o procurava quando assinava um novo contrato para cobrar o que chamou de 'pixuleco'.

Aécio escreveu que as palavras de Dilma "atestam o que muitos já vêm percebendo há algum tempo: a presidente da República ou não está raciocinando adequadamente ou acredita que pode continuar a zombar da inteligência dos brasileiros."

Para o presidente do PSDB, Dilma "desrespeitou seus próprios companheiros de resistência democrática." Fez isso ao "comparar uma delação feita, dentro das regras de um sistema democrático, para denunciar criminosos que assaltaram os cofres públicos e recursos pertencentes aos brasileiros, com a pressão que ela sofreu durante a ditadura para delatar seus companheiros de luta pela democracia."

Para azar dos contendores e dos contribuintes brasileiros, dinheiro roubado não tem carimbo. Assim, fica difícil saber se parte da grana repassada por Ricardo Pessoa era mesmo limpinha.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.