Topo

Josias de Souza

Após falar com Dilma, Temer fica na articulação

Josias de Souza

03/07/2015 19h11

Pressionado por caciques do PMDB a deixar a articulação política do governo, o vice-presidente Michel Temer decidiu manter o encargo sob sua responsabilidade. Já comunicou sua decisão a auxiliares. Fez isso depois de obter de Dilma Rousseff a garantia de que serão honrados os acordos que celebrou com congressistas que ajudaram o governo a aprovar no Legislativo as medidas do ajuste fiscal.

Temer conversou com Dilma na noite de quinta-feira. A presidente o chamou logo que aterrissou em Brasília, de volta dos Estados Unidos. Reuniram-se a sós por algum tempo. Em seguida, incorporou-se à conversa o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), para cuja mesa seguem os acertos firmados por Temer para premiar os aliados fieis ao governo com cargos e verbas orçamentárias.

Referendados os acertos, Temer volta-se na próxima semana para os dois desafios mais urgentes do governo. Um é a aprovação do projeto que eleva a tributação da folha salarial para cinco dezenas de setores da economia. Já passou pela Câmara. Mas falta votar no Senado.

O outro abacaxi que Temer se dispôs a ajudar a descarcar é o reajuste dos servidores do Judiciário. O Senado aprovou por unanimidade um aumento médio de 29,5%. Coisa escalonada. Que custará ao Tesouro, segundo cálculos oficiais, quase R$ 26 bilhões em quatro anos. Dilma vetará. Mas o governo precisa negociar um valor que o Tesouro consiga pagar.

As pressões da caciquia do PMDB sobre Temer não cessarão. Um pedaço da legenda enxerga na impopularidade de Dilma uma boa oportunidade para deflagrar o plano da candidatura presidencial própria em 2018. Ao dizer que fica, Temer esclarece que prefere ir devagar com o andor. Até quando? Um peemedebista do grupo de Temer responde assim: "Hoje, qualquer previsão com uma semana de antecedência é uma temeridade."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.