Na lógica de Dilma, Lava Jato é culpa de índios
A hipocrisia é uma característica muito comum dos governos em apuros. Mas Dilma Rousseff exagera. Quando declarou, a portas fechadas, que a Lava Jato derrubou um ponto percentual do PIB, a presidente deixou de mencionar que a operação é uma reação da PF e da Procuradoria à roubalheira que viscejou na estatal durante os 13 anos de governos petistas.
Quando Lula governou o país, não hesitou em levar a Petrobras ao balcão. Decerto pensou que, sob o patrocínio de PT, PMDB e PP, as diretorias e subsidiárias da estatal seriam geridas sob critérios tecnicamente impecáveis. Mas o que se poderia esperar de prepostos de Renans e Collors senão gestões indignas?
Pelo menos R$ 7,5 milhões em verbas sujas extraídas da Petrobras foram parar na caixa registradora da campanha presidencial de Dilma. A presidente diz que seu oponente Aécio Neves bebeu da mesma fonte. E se declara chocada com a suposição de que o dinheiro possa não ser legal.
Considerando-se o pensamento cartesiano de Dilma, ela deve achar que a Lava Jato é culpa dos índios, que não puseram os portugueses para correr naquele fatídico 22 de abril. Num Brasil habitado exclusivamente por índios haveria vantagens e desvantagens. A desvantagem é que você, caro leitor, não existiria. Em compensação, também não existiriam a Dilma e seus raciocínios tortos.
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