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Josias de Souza

Rejeitar contas de Dilma exige maioria simples

Josias de Souza

29/07/2015 03h06

Convencido de que as 'pedaladas fiscais' levarão TCU a rejeitar a prestação de contas do governo Dilma Rousseff de 2014, Eduardo Cunha se equipa. Ao estudar a matéria, o presidente da Câmara verificou que os parlamentares terão de votar um 'decreto legislativo'. Surpreendeu-se com o quórum exigido para a derrubada das contas anuais do governo. "Por incrível que pareça, é maioria simples", disse a correligionários.

Significa dizer que, alcançado o quórum mínimo para a abertura da sessão —257 dos 513 deputados e 41 dos 81 senadores—, basta que metade mais um dos presentes vote pela rejeição da escrituração do governo e estará criado o pretexto para a abertura de um processo de impeachment contra Dilma.

O quórum para a derrubada das contas contrasta com a quantidade de votos exigida para a concretização do impeachment: dois terços. Cabe à Câmara abrir o processo. Exige-se um mínimo de 342 votos. Ao Senado incumbe julgar. São necessários pelo menos 54 votos para afastar um presidente. O processo é político, ensina o professor de Direito constitucional Michel Temer.

O Planalto avalia que, hoje, os adversários de Dilma não disporiam de votos para afastá-la da poltrona. Ainda assim, a simples rejeição das contas de 2014 conturbaria uma conjuntura já bastante conturbada.

As fornalhas do Congresso serão religadas na semana que vem. À espera da decisão do TCU, o agora oposicionista Eduardo Cunha decidiu limpar o terreno. Planeja votar prestações de contas antigas, que estavam esquecidas nas gavetas da Câmara desde o governo Itamar Franco.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.