PDT e PTB declaram-se na Câmara independentes em relação ao governo
O governo perdeu nesta quarta-feira o apoio de dois partidos na Câmara. Horas depois de o vice-presidente Michel Temer ter cobrado lealdade e responsabilidade dos aliados, o PDT e o PTB se declararam "independentes". Fizeram mais: anteciparam que votarão a favor da proposta que vincula os salários de advogados da União, procuradores estaduais e delegados de polícia a 90,25% dos contracheques dos ministros do STF —uma matéria tachada pelo governo de "bomba fiscal." Juntas as duas legendas têm 44 votos na Câmara.
"A bancada do PDT se declarou independente em virtude das atitudes desrespeitosas da liderança do governo", disse ao blog o deputado André Figueiredo (CE), líder do partido. "O PDT é o único partido que manifesta previamente a forma como vai votar. E não aceita mais ser chamado de traidor ou infiel. Isso é desrespeitoso com a nossa história."
E quanto ao Ministério do Trabalho, controlado pelo PDT? "Comunicamos nossa decisão ao ministro Manoel Dias", disse o líder. "Os próximos passos serão dados em comum acordo com a Executiva do partido e com a bancada do Senado. Os senadores devem acompanhar a decisão. O processo tende a evoluir com a entrega dos cargos no governo. Não creio que essa decisão demore. O Ministério é da presidente Dilma, que pode perfeitamente dizer que não deseja que a pasta fique nas mãos do ministro do PDT."
Jovair Arantes (GO), líder do do PTB, disse que o partido tornou-se "independente" por decisão unânime de sua bancada, que se reuniu por cerca de três horas nesta quarta-feira.
Hoje, o PTB integra um bloco liderado pelo PMDB e integrado por legendas como PP e PSC. Arantes comunicou ao líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), sua disposição de requerer o desligamento do PTB desse bloco. Fez isso "para dar conforto" aos colegas, já que os petebistas decidiram aprovar, por unanimidade, a proposta combatida pelo Planalto.
Arantes afirmou que só se manteve no bloco encabeçado pelo PMDB porque Picciani lhe informou que também encaminhará o voto a favor da proposta tachada de "bomba fiscal" pelo governo. Os líderes do PP e do PSC farão o mesmo. Quer dizer: esboça-se para a noite desta quarta-feira mais uma humilhação da Câmara ao governo Dilma.
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