Na tevê, Lula e Dilma falam da crise sem culpa
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No Brasil atual, basta abrir um jornal ou uma carteira para dar de cara com a crise. Na noite deste sábado, dois dias depois de o IBGE informar que a taxa de desemprego bateu em 7,5% no mês de julho, o PT levou ao ar dois comerciais de trinta segundos. Num, Dilma Rousseff admite: "…muita coisa precisa melhorar." Noutro, Lula reconhece: "…a situação não está fácil."
Ambos prometem um Brasil próspero na virada da esquina. "Vamos voltar a crescer com todo o nosso potencial", ela antevê. E ele: "Com o esforço e a luta de todos vamos controlar a inflação, gerar empregos e derrotar o pessimismo. Podem ter certeza. O Brasil vai voltar a crescer."
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Falta algo essencial às mensagens da criatura e do criador: um culpado. No poder há 13 anos, a dupla já não dispõe de um FHC para chutar sem cair no ridículo. E como não conseguem enxergar os responsáveis pela crise no espelho, Dilma e Lula soam cada vez mais desconexos.
É difícil dar crédito às pessoas antes de saber se elas conseguem aprender com os próprios erros. A primeira lição da ruína petista deveria ser a de que todas as premissas sobre as quais Dilma, a supergerente de Lula, construiu a sua política econômica precisam, no mínimo, pegar um pouco de ar.
O diabo é que não se chega ao arejamento sem uma boa autocrítica. Depois que confiou a Fazenda ao ex-diretor do Bradesco Joaquim Levy, Dilma deveria ter dito a si mesma: "Pô, nossa cartilha está ficando igual ao manual do tucanato. Por que é mesmo que a gente era contra o superávit fiscal?"
Sem esse tipo de resposta, metade da nação continuará apavorada porque supõe que a crise econômica, combinada com a roubalheira, só terá fim por um milagre de Deus. E a outra metade se entregará ao pânico porque suspeita que Deus está morto. A gerente infalível, uma incompetente disfarçada, o matou.
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