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Josias de Souza

Ao falar de 2018, Lula antecipa o 'fim' de Dilma

Josias de Souza

29/08/2015 20h26

Visto pelo ângulo da propaganda de Dilma-2014, o Brasil iniciado em 2015 seria próspero e radioso. Não chegou. Nem se dignou a mandar dizer por que não veio. Em meio à onda de decepção, Lula recorre a um velho truque. Já que o amanhã de ontem não se realizou hoje, ele se apresenta como alternativa para 2018. Faz isso porque sabe que no futuro cabe tudo, pois nada pode ser cobrado nem conferido.

A movimentação de Lula, intensificada nas últimas 48 horas, deixa Dilma em má situação. Num instante em que a Lava Jato pesa-lhe sobre os ombros como um passado que não passa, jogam-lhe nas costas um futuro que não a inclui. Ao insinuar que não vê a hora de deixar o banco de reservas, o criador deixa claro que nem ele está gostando do que sua criatura anda fazendo em campo.

Neste sábado, discursando em São Bernardo, seu berço político, Lula disse coisas assim: "A direita desse país resolve dizer que o Lula está morto, que o Lula já era. […] Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho olhando para você. Então, é o seguinte: eu voltei a voar outra vez."

Em essência, a frase de Lula sobrevoa a ideia de que Dilma tornou-se uma presidente de asas quebradas com três anos e quatro meses de mandato pela frente.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.