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Josias de Souza

Dilma se irrita com ministro que critica ajuste

Josias de Souza

17/09/2015 05h45

Dilma Rousseff está aborrecida com o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento). Não gostou das críticas que ele fez a um par de tópicos do ajuste fiscal: 1) a diminuição dos repasses a entidades como Sesc, Senac e Sebrae, que compõem o Sistema S; e 2) a redução de 1% para 0,1% do valor que as empresas exportadoras abatem para compensar custos tributários federais residuais por meio do programa Reintegra.

Sobre o primeiro tópico, relativo ao Sistema S, Monteiro disse que merecia um "melhor desenho". Algo construído por meio de "uma solução negociada". Sobre o segundo ponto, referente ao Reintegra, o ministro declarou, "de forma muito tranquila, que é um mau sinal". Por quê? Fere um princípio caro aos negócios: "a previsibilidade das regras."

Com suas críticas, Monteiro também avacalhou um valioso preceito: a hierarquia. Dilma havia solicitado "unidade" aos seus ministros. No regime presidencialista, como sabem até as crianças de cinco anos, o presidente preside e os ministros seguem suas determinações.

Se discordar de decisões do chefe, o subordinado engole sua divergência a seco ou pede para sair. Se fica no cargo e começa a dizer ou fazer coisas que destoam da orientação superior, ou é mandado para o olho da rua ou faz do inquilino do Planalto um banana. Dilma já perdeu a aura de gerentona. Se ficar só na irritação, se arrisca a virar fruta.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.