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Josias de Souza

Com rombo de R$ 9,1 bi, a Saúde mendiga dinheiro de emendas parlamentares

Josias de Souza

29/09/2015 04h31

Às voltas com cortes orçamentários que somam pelo menos R$ 9,1 bilhões, o Ministério da Saúde prevê que o SUS evoluirá em 2016 da situação precária em que se encontra para um quadro dramático. Ignorada pela área econômica do governo, a pasta da Saúde tenta convencer deputados e senadores a usar verbas das chamadas emendas de parlamentares para restituir parte do dinheiro cortado. O quadro é de mendicância político-administrativa.

Se nada for feito, o Programa Farmácia Popular, que vende remédios a preços baixos, deixará de existir no ano que vem. Estima-se na pasta da Saúde que o dinheiro destinado a procedimentos como hemodiálise e cirurgias eletivas, com data marcada, acabará até outubro de 2016. Também a verba que financia o Samu, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, acabará três meses antes do final do ano.

Sob o impacto da queda na arrecadação de impostos, a previsão de gastos do governo com Saúde no ano que vem foi reduzida em R$ 3,8 bilhões. Como se fosse pouco, foram passados na lâmina R$ 5,3 bilhões que seriam destinados aos chamados procedimentos médicos de média e alta complexidade. Encaixam-se nessa categoria, por exemplo, as consultas especializadas, os tratamentos de câncer, as cirurgias cardíacas, as neurocirurgias, assistência a vítimas de queimaduras, distrofias musculares e um imenso etcétera.

Em meio a esse quadro de penúria que desafia a tese oficial segundo a qual os gastos sociais não foram afetados pelos cortes, Dilma Rousseff negocia com o baixo clero do PMDB da Câmara, na bacia das almas da sua reforma ministerial, o Ministério da Saúde. Faz isso para tentar reduzir os risco de abertura de um processo de impeachment.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.