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Josias de Souza

Fracassa esforço do governo para manter vetos

Josias de Souza

06/10/2015 14h14

Os apoiadores de Dilma Rousseff submeteram o governo a um vexame. Convocada para analisar um lote de vetos presidenciais, a sessão conjunta do Congresso iniciada na manhã desta terça-feira teve de ser suspensa por falta de quórum. A infantaria do Planalto não compareceu ao campo de batalha. A apreciação dos vetos foi remarcada para a esta quarta-feira. Parlamentares oposicionistas cuidaram de potencializar o fiasco.

"Se PT quer dar quórum no Congresso, precisa entregar a Casa Civil e a articulação política do Planalto para algum outro partido", ironizou o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Essa reforma ministerial não foi suficiente", ecoou o deputado Mendonça Filho (PE), líder do DEM. "A presidente tem que fazer outra reforma. Dez ministérios para o PMDB talvez resolvam o problema."

Marcada para as 11h30, a sessão começou com atraso. Era nítido o esvaziamento. Pelo regimento, o quórum mínimo para deliberação é de 41 dos 81 senadores e 257 dos 513 deputados. Renan esticou a sessão o quanto pôde. Mas foi fustigado pela oposição, que cobrava respeito ao regimento.

"Esse regimento do Congresso Nacional é uma esculhambação", reagiu Mendonça Filho. "Toda semana é uma regra diferente. Tem que encerrar a sessão, presidente, em respeito ao regimento. Não pode vriar uma esculhambação permanente o funcionamento dessa casa."

Renan ainda ouviu ponderações de parlamentares governistas. Mas jogou a toalha às 13h13min. A essa altura, o quorum já havia sido alcançado apenas no Senado. Renan suspendeu a sessão por 30 minutos. Decorrido esse prazo, perdurava o ermo da Câmara. Faltavam seis dezenas de deputados para atingir o número mínimo exigido pelo regimento. E Renan viu-se compelido a cancelar a sessão, transferindo-a para esta quarta, às 11h30.

Quer dizer: como previsto desde a noite da véspera, os aliados de Dilma sonegaram-lhe até o ar de sua graça no primeiro teste de fidelidade depois da reforma ministerial.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.