‘Não esperem de mim que eu diga não investiguem A, B, C ou D’, diz Cardozo
Levado à alça de mira por Lula, que o acusa de ter perdido o "controle" sobre a Polícia Federal, o ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça) disse, em entrevista ao Valor, ter "a consciência tranquila". Embora Lula defenda em privado sua substituição, Cardozo não cogita deixar o cargo: "Enquanto a presidente quiser e eu achar que não atrapalho, eu fico." De resto, avisa: "não esperem de mim que eu diga não investiguem A, B C ou D, um ministro da Justiça não pode conduzir investigações, seja para punir amigos ou inimigos".
Um dia depois de a Polícia Federal ter realizado uma batida de busca e apreensão na empresa de Luiz Cláudio Lula da Silva, filho do morubixaba do PT, Cardozo saiu em defesa daquele que pede o seu escalpo: "Conheço Lula há muitos anos e tenho a total confiança de que ele não se envolveu nem permitiria que alguém próximo dele se envolvesse em desmandos. Acho muito ruim que as investigações em curso sejam utilizadas retoricamente pela oposição para atingi-lo na sua honra e na sua imagem política."
Luiz Cláudio Lula da Silva é investigado na Operação Zelotes, que apura suspeitas relacionadas ao Conselho Administrativa de Recursos Fiscais, o Carf, espécie de tribunal administrativo de recursos contra dívidas tributárias. O petismo critica Cardozo também pela desenvoltura da PF em outra operação, a Lava Jato. Nesse ponto, o ministro é alvejado também pelo multi-enrolado presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Cardozo soou como se desse de ombros para as críticas, tratando-as com ironia: "Sempre que investigações atingem o mundo da política, o ministro da Justiça é alvo de bombardeio de setores da base do governo e também de oposicionistas, vamos ser isonômicos."
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