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Josias de Souza

Cunha ajudou a evitar nova derrota do Planalto

Josias de Souza

12/11/2015 05h37

Dilma Rousseff flertou com o vexame na Câmara na noite desta quarta-feira. Só não sofreu nova humilhação porque contou com a luxuosa ajuda do quase-ex-desafeto Eduardo Cunha. O projeto do governo sobre a repatriação do dinheiro que os brasileiros esconderam da Receita Federal no exterior prevaleceu por uma diferença esquálida de 17 votos: 230 a 213 (veja aqui a íntegra da lista de votação). Essa vantagem magra só foi obtida porque vários deputados que votariam contra a proposta foram convencidos a se ausentar do plenário. Sem alarde, Cunha conquistou a maioria das ausências.

No instante em que a proposta foi a voto, havia nas dependências da Câmara 479 deputados. Mas apenas 451 compareceram ao plenário. Tomaram chá de sumiço 28 votantes. Sem alarde Cunha usou o que lhe resta de prestígio para cavar ausências até no pseudo-oposicionista Solidariedade, partido do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força. Além de auxiliar o governo na produção de fujões, Cunha ajudou a consquistar abstenções. Houve sete. Pelas contas da oposição, sem as fugas e as abstenções, Dilma teria dormido com mais uma derrota latejando no cérebro. O único problema de Dilma é que o apoio de Cunha custa os olhos da cara, está pela hora da morte.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.