Dilma e Temer coabitam o território da falsidade
Dilma Rousseff reagiu aos desaforos da carta do seu vice com respeito e compostura. Ou seja, está completamente fora de si. "Na nossa conversa, eu e o vice-presidente decidimos que teremos uma relação extremamente profícua, tanto pessoal quanto institucionalmente."
Michel Temer respondeu à gentileza com ensaiada amabilidade. Quer dizer: voltou ao normal. "Combinamos, eu a presidente Dilma, que nós teremos uma relação pessoal, institucional, que seja a mais fértil possível".
Foi o primeiro encontro entre os dois desde a divulgação da carta-desabafo em que Temer disse ser tratado como "vice decorativo" por uma Dilma que "não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã."
Que conclusão extrair de uma desavença que evolui do cheiro de enxofre para a pseudo-reconciliação em 48 horas? Por um lado, é bom que Dilma e Temer continuem a se falar. Por outro lado…
O tipo de relacionamento que prometem manter entre si, "profícuo" e "fértil", apenas reforça a convicção de que a política é o território da falsidade, da hipocrisia. É como se Dilma e Temer informassem à plateia que não convém levá-los a sério.
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