Impeachment: STF deu a Dilma o que ela pediu
O rito processual do impeachment, fixado em julgamento do STF, como que condenou Dilma Rousseff a arquivar a tese do golpe. Por maioria de votos, os ministros do Supremo entregaram à presidente o que ela desejava.
Olhando pelo retrovisor, o STF carbonizou a comissão especial do impechment, majoritariamente anti-Dilma. Sob inspiração de Eduardo Cunha, a Câmara elegera secretamente uma chapa avulsa composta de dissidentes governistas e de oposicionistas. O Supremo decidiu que os nomes terão de ser indicados pelos líderes. E a votação será aberta.
Com os olhos no para-brisa, o Supremo deliberou que o Senado dispõe de poderes para arquivar um processo de impeachment eventualmente aberto pela Câmara. Poderá fazer isso antes da abertura formal do processo.
Se optarem pelo arquivamento, os senadores livrarão Dilma automaticamente do desastre que seria um afastamento temporário da poltrona de presidente por 180 dias. Ao esvaziar as atribuições da Casa ainda presidida por Eduardo Cunha, o STF acomodou Dilma no colo de Renan Calheiros, o encrencado presidente do Senado. Paciência. Não se pode ter tudo na vida.
Dilma fez sobrancelhas e cabelo no STF. Só não fez as unhas porque a Suprema Corte indeferiu o pedido de defesa prévia para a presidente. Do contrário, Eduardo Cunha seria forçado a reiniciar o processo do zero, anulando o ato que pôs em movimento o pedido de impeachment formulado pela advogada Janaína Paschoal e pelos juristas Hélio Bicudo e Michel Reale Jr..
"As unhas ficaram conosco", diz o líder tucano Bruno Araújo (PSDB-PE). "Com essas decisões do Supremo, a pretensão de Dilma de resolver tudo rapidamente desapareceu. O calendário do impeachment será transferido para depois do Carnaval, com todo o desgaste que isso significa para o governo."
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