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Josias de Souza

‘Não é assunto meu’, diz Haddad sobre pendências de campanha com Santana

Josias de Souza

22/02/2016 14h17

O prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, tomou distância das relações monetárias do PT, com o marqueteiro João Santana. "Agora não é um assunto mais meu", disse ele, em entrevista ao blog, na última sexta-feira. Assinado por Santana, o marketing da campanha de Haddad, eleito em 2012, foi orçado em R$ 36 milhões. Abertas as urnas, restou uma dívida de R$ 20 milhões, que foi repassada ao diretório municipal do PT na capital paulista.

Não receia que a dívida de 2012 possa cair na malha de investigações da Lava Jato?, perguntou o repórter, três dias antes da revelação de que o juiz Sérgio Moro decretara a prisão de João Santana. E Haddad: "…É uma dívida assumida pelo partido. Então, não é mais uma dívida de campanha. Tem um momento em que você rompe, não responde mais pela dívida. A dívida é assumida. E nem cabe a um prefeito eleito ficar indo atrás de dinheiro para pagar dívida de campanha, o que seria um absurdo."

O prefeito prosseguiu: "Se eu me envolvesse no pagamento dessa dívida, aí, sim, a minha conduta poderia ser questionada. Como é que um prefeito eleito vai se meter com uma coisa dessa? […] A partir do momento em que você é eleito ou não, o cordão umbilical está rompido, mas sobretudo quando você é eleito. Você não pode mais tratar desse assunto. Um prefeito eleito não pode tratar de dívida de campanha, não pode."

Haddad arrematou: "Entreguei a chave e falei: 'agora, não é um assunto mais meu, porque eu sou o prefeito da cidade. Mas, pelas informações que eu tive do diretório municipal, o tesoureiro municipal está bastante seguro, inclusive levou a documentação para a Justiça Eleitoral, que esquadrinhou tudo e, até aqui, não tenho novidade sobre esse assunto."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.