Verdade teria livrado FHC de inquérito policial
A verdade, por vezes, é muito mais incrível do que a ficção. E muito mais difícil de inventar. Fernando Henrique Cardoso relacionou-se fora do casamento com Mirian Dutra. Segundo ela, tiveram um filho em 1990. Por vontade dele, o fato virou um segredo de polichinelo encoberto por um manto diáfano de inverdades. Em 2011, dois testes de DNA revelaram a inacreditável verdade: o filho não era de FHC. Àquela altura, a ficção já durava duas décadas. Tempo suficiente para que o caso migrasse da seara pessoal para a esfera pública.
Mirian Dutra voltou do passado para revelar que, em dezembro de 2002, último mês da presidência de FHC, foi brindada com um contrato de trabalho na empresa Brasif. Com ele, complementou sua renda de "repórter" da TV Globo na Europa. Em três anos, amealhou US$ 100 mil sem trabalhar. O contrato era fictício e o dinheiro vinha de FHC, acusou ela. Nesta sexta-feira, a Polícia Federal abriu inquérito para varejar as relações monetárias de FHC com a ex-amante.
O PSDB enxerga na novidade uma manobra do governo para tentar nivelar o ex-presidente tucano ao petista Lula, às voltas com uma penca de investigações. O esperneio é livre. Mas nada elimina o fato de que foi FHC quem forneceu a matéria-prima para a conversão de um caso extraconjugal em caso de polícia. Se tivesse optado pela verdade desde a origem, não teria virado protagonista de inquérito numa fase em que, octogenário, é visto como sábio da tribo mesmo fora de sua aldeia.
FHC enveredou pela trilha da ficção por receio de prejudicar sua carreira política. Tinha, já nessa época, pretensões presidenciais. Talvez tenha subestimado a inteligência do eleitor que, na média, seria capaz de entender que informações de alcova nem sempre devem ser levadas em conta no momento da escolha de um chefe de Estado. Em nota, FHC disse que não utilizou senão contas bancárias regulares para enviar recursos a Mirian Dutra. A ver.
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